quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Benil Santos

Benil Santos (Benil dos Santos), compositor, nasceu em Cabo Frio/RJ, em 20/11/1931. De família numerosa (22 irmãos), começou a trabalhar aos nove anos, numa farmácia. Com 19 anos, foi trabalhar na Rádio Mayrink Veiga, do Rio de Janeiro RJ, tendo sido depois locutor e produtor. Formou-se pela Faculdade de Ciências Econômicas do Rio de Janeiro como técnico de contabilidade.
Criou o programa Manhã de Grande Gala, na Rádio Mayrink Veiga, em 1958, ano em que passou a exercer a função de diretor artístico da RGE, permanecendo no cargo durante sete anos. Incentivado por Marijó, cronista do jornal carioca Última Hora, e por Héber Lobato, locutor e descobridor de talentos, começou a compor, tendo sua primeira composição gravada ainda em 1958, Noites cruéis com Raul Sampaio, seu parceiro mais constante.
Em 1960, compôs com Enrico Simoneti Canção de ninar mamãe, gravada por Gilberto Milfont na RGE. No mesmo ano, conheceu um de seus maiores sucessos, parceria com Raul Sampaio, Estou pensando em ti, gravada por Anísio Silva na Odeon. Em 1961, dois novos sucessos, parcerias com Raul Sampaio, Estou só e Lembranças gravadas por Miltinho na RGE. Em 1962, Roberto Luna gravou Fingimento; Miltinho, Confidência, estes na RGE e Gilvan Chaves, gravou na Victor Protesto (Praga de amor), parcerias com Raul Sampaio.
Em 1963, obteve o primeiro lugar no Festival de Música do Brasil, da TV-Rio, do Rio de Janeiro, com a música Distância (com Raul Sampaio), gravada por Miltinho e Rosana Toledo. Entre suas composições gravadas, destacam-se as marchas A serenata (com Raul Sampaio), de 1966, e Eu compro essa mulher (com Raul Sampaio e Ivo Santos), de 1967. Exerce também atividade de empresário artístico.
Algumas obras:
Canção de ninar mamãe (c/Enrico Simonetti), 1960; Confidência (c/Raul Sampaio), 1962; Distância (c/Raul Sampaio), 1963; Estou pensando em ti (c/Raul Sampaio), bolero, 1960; Estou só (c/Raul Sampaio), 1961; Eu compro essa mulher (c/Raul Sampaio e Ivo Santos), marcha, 1967; Fingimento (c/Raul Sampaio), 1962; Lembranças (c/ Raul Sampaio), 1961; Meu pranto rolou (c/Raul Sampaio), marcha, 1965; A serenata (c/Raul Sampaio), marcha, 1966; Protesto (Praga de amor) (c/Raul Sampaio), 1962.

Raul Sampaio

Raul Sampaio (Raul Sampaio Cocco), cantor e compositor, nasceu em Cachoeiro de Itapemirim em 06 de julho de 1928. É filho de Fanny Sampaio Cocco e José Cocco. Foi aluno dos colégios Liceu Muniz Freire, Bernardino Monteiro e Escola Técnica de Comércio, todos em Cachoeiro.
Sua vida artística começou na ZYL-9, Rádio Cachoeiro, como solista do conjunto Dois Valetes e uma Dama. Em 1949 mudou-se para o Rio de Janeiro, dedicando-se ao comércio até 1952, quando passou a integrar o conjunto Trio de Ouro.
Sua primeira música de sucesso foi Guarda-chuva de pobre. Autor de mais de 200 composições musicais, teve como parceiros Herivelto Martins, Benil Santos, e outros. Raul Sampaio atuou na Rádio Nacional e, pela sua projeção no Rio de Janeiro, principalmente com as músicas Rio Quatrocentão e Rio eterna Capital, recebeu o título de Cidadão do Estado da Guanabara.
Recebeu o título de Cachoeirense Ausente em 1969. O título é a honra máxima de Cachoeiro. Só é concedido uma única vez por ano, ao cidadão nascido nesta cidade que, deixando sua terra, lá fora, tenha prestado relevantes serviços como foi torná-la mais conhecida no Brasil e no Mundo.
É o autor da letra e música do Meu pequeno Cachoeiro. A canção, depois interpretada por Roberto Carlos, em gravação do ano de 1969, é um dos grandes sucessos nacionais de todos os tempos. Outros sucessos de sua autoria: A carta (com Benil Santos), Canção da rua (c/Benil Santos), Estou pensando em ti (c/Benil Santos), Lembranças (com Benil Santos), Meu pranto rolou (com Benil Santos e Ivo Santos), Onde estás agora? (com Benil Santos), Quem eu quero não me quer (com Benil Santos), Revolta (com Nelson Gonçalves).

Núbia Lafayette

Núbia Lafayette (Idemilde Araújo), cantora, nasceu em Açu/RN, em 21/1/1937. Aos três anos de idade, viajou com a avó para o Rio de Janeiro/RJ, onde passou a residir. Ainda criança, foi participante assídua do programa Clube do Guri, na Rádio Tupi, cantando o repertório de Vicente Celestino . Depois, na década de 1950, recebeu forte influência de Dalva de Oliveira, identificando-se com seu estilo.
Em 1958, quando trabalhava nas Casas Pernambucanas, resolveu participar do concurso A Voz de Ouro ABC, na televisão. Não ganhou o primeiro prêmio, mas despertou a atenção de um dos jurados, Jordão de Magalhães, que a convidou a se apresentar na Cave, boate paulistana da qual era proprietário. Aí conheceu o compositor Adelino Moreira, que lhe proporcionou a oportunidade de gravar na RCA.
Assim, já com o nome artístico de Núbia Lafayette, gravou em 1960 o disco de estréia, que registrava os sambas Devolvi, seu primeiro sucesso, e Nosso amargor, ambos de Adelino Moreira. Em fevereiro de 1961, saiu o segundo disco, ainda com músicas de Adelino, Preciso chorar e Solidão, sendo esta sua canção favorita. Consolidou então o estilo próprio, cantando temas românticos com voz pungente, a maioria em ritmo de bolero ou samba-canção.
Com o predomínio da Jovem Guarda no meio fonográfico, sua carreira entrou em declínio, só retornando às paradas radiofônicas no início da década de 1970, quando lançou novos sucessos, como Casa e comida, de Rossini Pinto.
CDs Brasil sentimental, 1991, Columbia 852-01912-484232; Núbia Lafayette - 20 super sucessos, 1993, Polydisc 470049. Fontes: Enciclopédia da música brasileira: erudita, folclórica e popular. São Paulo, Art Editora, 2000.
Algumas cifras:

Buci Moreira

Buci Moreira, compositor e instrumentista, nasceu no Rio de Janeiro RJ, em 1/8/1909 e faleceu em 1982. Neto da famosa Tia Ciata (em cuja casa, perto da Praça Onze, se reuniam pioneiros do samba), seu pai, Guilherme Eduardo Moreira, tocava violão e ele, desde pequeno, mostrou vocação para ritmista.
Em 1917, sem deixar sua casa em São Cristóvão, passou a viver também com outra família, no mesmo bairro, fazendo companhia a um menino da casa. Nessa época começou a estudar. Em 1922 foi morar com a avó, até a morte desta em 1924, e de 1925 a 1927 estudou na Escola Bom Jesus, na ilha de Paquetá.
Com a morte do pai em 1928, foi viver com os tios na Praça Onze, ingressando no Colégio Benjamim Constant. No ano seguinte desfilou pela única vez na hoje extinta escola de samba Deixa Falar.
Em 1930 foi descoberto na Praça Onze, por Francisco Alves, que gravou sua primeira música na Odeon, o samba Palhaço (com Nelson Gomes). Por essa época começou a atuar como ritmista em gravações na Odeon, formando dupla com Valdemar Silva e, depois, com Arnô Canegal.
De 1936 a 1940 desfilou (e era diretor de harmonia) na hoje extinta escola de samba Vê Se Pode, do morro de São Carlos. Em seguida trabalhou com o cineasta Moacir Fenelon, continuando a atuar como ritmista em gravações.
Em 1943 participou, com outros sambistas, do filme inacabado de Orson Welles Jangada. Em parceria com Arnô Canegal e Mutt, compôs o samba Anda, vem cá, gravado por Francisco Alves e Mário Reis e Não põe a mão, sua música mais conhecida, que ele mesmo, além de outros intérpretes, gravou com êxito na Star em 1951.
Outros sucessos seus foram Quem pode, pode e Por que é que você chora. Obras: Anda, vem cá, samba, 1932; Em uma linda tarde, samba, 1935; Não põe a mão (c/Mutt e Arnô Canegal), samba, 1951; Quem pode, pode (c/Haroldo Torres), samba, 1950.

Dóris Monteiro

Dóris Monteiro

Dóris Monteiro (Adelina Dóris Monteiro), cantora, nasceu no Rio de Janeiro RJ em 21/10/1934. Começou cantando fados em programas infantis, estreando como intérprete a 31 de outubro de 1949 no programa de calouros Papel Carbono, de Renato Murce, na Rádio Nacional, do Rio de Janeiro, onde interpretou Bolero, imitando Lucienne de Lille.
Em 1951, quando estudava no Colégio Pedro II, foi convidada pelo cantor Orlando Correia para cantar na Rádio Guanabara, permanecendo um mês nessa emissora, passando em seguida, graças a Alcides Gerardi, para a Rádio Tupi, onde trabalhou oito anos. Nesse mesmo ano, começou a cantar na boate do Copacabana Palace Hotel e fez sua primeira gravação, pela Todamérica, interpretando Se você se importasse (Peterpan), que foi também seu primeiro sucesso.
Em 1952, eleita Rainha dos Cadetes, gravou outro sucesso: Fecho meus olhos, vejo você (José Maria de Abreu). No ano seguinte, convidada por Alex Viany, estrelou o filme Agulha no palheiro, cantando a música do mesmo nome e sendo premiada por sua atuação como atriz.
Casou, em 1954, com Carlos Rui Meneses e, nesse mesmo ano, gravou seu primeiro LP, Vento soprando, na Continental, interpretando, entre outras, Graças a Deus (Fernando César) e Joga a rede no mar (Fernando César e Nazareno de Brito). Uma das músicas mais marcantes de seu repertório foi Mocinho bonito (Billy Blanco), gravada em 1956.
Gravou mais dez LPs, destacando-se Gostoso é sambar, de 1963, na Philips, com a faixa-título de João Melo, O que eu gosto de você (Sílvio César) e Olhou pra mim (Ed Lincoln e Sílvio César); Dóris Monteiro, de 1964, na Philips, com Samba de verão (Marcos Vale e Paulo Sérgio Vale); Mudando de conversa, de 1969, na Odeon, em que cantou dois dos maiores sucessos de sua carreira, Mudando de conversa (Maurício Tapajós e Hermínio Bello de Carvalho) e Dó-ré-mi (Fernando César); e o disco Odeon, de 1970, cujo destaque principal foi Coqueiro verde (Roberto e Erasmo Carlos). Lançou, ainda na Odeon, LPs nos anos de 1972, 1973 e 1974.
Na década de 80 gravou na Copacabana o LP Dóris Monteiro (1981) e participou do LP da Continental Dóris, Elisete, Helena e Ângela Maria, (1986). Em 1990, a convite de Lisa Ono, viajou ao Japão e realizou shows em Tóquio, Osaka e Nagóia.
No ano seguinte a Sony lançou Dóris e Tito Madi, na série Academia Brasileira de Música. No cinema, trabalhou também em Rua sem sol, de Alex Viany (1954), Tudo é música, de Luís de Barros (1957) e De vento em popa, de Carlos Manga (1957).
Algumas letras e cifras:

Tito Madi

Tito Madi

Tito Madi (Chauki Maddi), compositor e cantor nasceu em Pirajuí/SP em 18/7/1929. Começou a interessar-se por música por influência do pai, tocador de alaúde, e dos irmãos, que tocavam violão e bandolim. Aos seis anos, dedilhava violão e aos dez já tocava e cantava nas festas do grupo escolar de Pirajuí.
Por essa época, criou, com os irmãos, o serviço de alto-falantes A Voz de Pirajuí e quando da inauguração da rádio local, foi chamado a colaborar, junto com os irmãos. Aos 18 anos já era um dos diretores da Rádio Pirajuí, onde fazia de tudo um pouco: era locutor, escrevia textos de programas, criava textos de publicidade e, de vez em quando, cantava.
Em 1949 compôs sua primeira música, Eu espero você, e no ano seguinte organizou, ainda na cidade natal, o conjunto de amadores Estudantes Alegres. Na mesma época, servindo no tiro-de-guerra, organizou dois shows musicais e desde então começou a se dedicar à música.
Durante dois anos, a partir de 1952, atuou como cantor na Rádio e TV Tupi, de São Paulo/SP, e em 1953 teve sua primeira composição gravada, a valsa Eu e você, interpretada pelo conjunto vocal Os Quatro Amigos, liderado por Sidney Morais, que depois dirigiu o conjunto Os Três Morais.
Em 1954 gravou Não diga não e Pirajuí (ambas com Georges Henri), pela Continental, com arranjo do maestro Luís Arruda Pais, recebendo por esse disco o título de Cantor Revelação do Ano. Transferiu-se para o Rio de Janeiro/RJ, ainda nesse ano, passando a cantar com o pianista Ribamar, no ano seguinte, em diversas boates cariocas, como Jirau, Little Club, Texas e Cangaceiro.
Por intermédio de Teófilo de Barros Filho, conseguiu um contrato com a Rádio Tupi, do Rio de Janeiro, e continuou gravando pela Continental, lançando, em 1956, Senhorita e Eu voltei, acompanhado pelos Garotos da Lua e As Três Marias.
Convidado, em 1957, para participar dos festejos de aniversário da Rádio Farroupilha, em Porto Alegre/RS, compôs lá uma música de inspiração local, Gauchinha bem querer, que gravou a seguir com Chove lá fora, composição de sua autoria que atingiu as paradas de sucesso e que lhe assegurou quase todos os prêmios de melhor compositor daquele ano, tendo recebido, entre outros, o Disco de Ouro oferecido pelo jornal carioca O Globo, medalhas dos Diários Associados e da Revista do Rádio, esta recebida diretamente das mãos do presidente Juscelino Kubitschek.
Chove lá fora, com o titulo It’s Raining Outside, destacou-se também nos EUA, tendo sido gravada por Della Reese e The Platters, conjunto norte-americano que lançou num LP (um milhão de cópias vendidas) duas outras músicas suas: Quero-te assim (I Wish) e Rio triste (Sad River), todas com letras em inglês de Buck Ramm.
Tendo rescindido, em 1956, o contrato com a Rádio e TV Tupi, passou a trabalhar como cantor independente e, em 1957, gravou Fracassos do amor (com Milton Silva) e Cansei de ilusões. Dois anos depois, quando gravou o LP Sua voz.., suas composições, deixou a Continental, transferindo-se sucessivamente para a Columbia (onde gravou cinco LPs até 1964), Odeon, onde gravou um de seus maiores êxitos, Balanço Zona Sul, RCA e Odeon novamente, onde gravou uma série de LPs de sucesso, A Fossa, em quatro volumes.
Entre os seus maiores sucessos destacam-se ainda Menina moça (Luís Antônio) êxito em 1964, Carinho e amor, Canção dos olhos tristes, Sonho e saudade, Amor e paz e Chove outra vez (com Romeu Nunes). Em 1987 fez temporada no restaurante Via Brasil, em New York, EUA. Gravou 34 LPs e 10 CDs, o último disco em 1996.
Letras e cifras:
Obras:
Amor e paz, samba, 1964; Balanço Zona Sul, samba, 1965; Cansei de ilusões, samba, 1957; Canto do engraxate, samba, 1957; Carinho e amor, samba, 1960; Chove lá fora, samba, 1957; Encontro no sábado (c/ Georges Henri), valsa, 1955; Eu e você, valsa, 1953; Fracassos de amor (c/Milton Silva), samba, 1957; Gauchinha bem-querer, samba, 1957; Não diga não (c/Georges Henri), samba, 1954; Olhe-me, diga-me, samba-canção, 1958; Pirajuí (c/Georges Henri), samba, 1954; Senhorita, valsa, 1956. CDs: Brasil samba-canção (c/Dóris Monteiro). 1996, Sony 479357; Tito Madi, 1996, Sony 866190.

Blecaute

Blecaute (Otávio Henrique de Oliveira) , cantor e compositor nasceu em Espírito Santo do Pinhal SP, em 05/12/1919, e faleceu no Rio de Janeiro, em 9/2/1983. Órfão de pai e de mãe, aos seis anos foi levado para São Paulo SP, onde trabalhou como engraxate e entregador de jornais.
Estreou como cantor em 1933, no programa de calouros A Peneira de Ouro, da Rádio Tupi, e oito anos depois começou a atuar na Rádio Difusora, adotando, por sugestão do Capitão Furtado, o nome de Black-Out, abrasileirado pela imprensa para Blecaute. Entre 1942 e 1943 foi para o Rio de Janeiro RJ, contratado pela Rádio Tamoio, atuando também na Mauá e Nacional.
Em 1944 participou como cantor do filme Tristezas não pagam dívidas (direção de José Carlos Burle e J. Rui) e gravou seu primeiro disco, com Eu agora sou casado (Cristóvão de Alencar e Alcebíades Nogueira). Obteve grande sucesso no Carnaval de 1949 com O Pedreiro Valdemar (Wilson Batista e Roberto Martins), mas o maior êxito de sua carreira ocorreria com o samba General da banda (Tancredo Silva, Sátiro de Melo e José Alcides), lançado no Carnaval do mesmo ano, que lhe valeu o apelido de "general da banda", com o qual passou a ser conhecido.
Consagrado como cantor de sucessos carnavalescos, destacou-se em 1951 com Papai Adão(Armando Cavalcanti e Klecius Caldas) e em 1952 com Maria Candelária (da mesma dupla). Dois anos depois, obteve grande êxito com Piada de salão e em 1955 com Maria Escandalosa (também dessa dupla), fazendo sucesso em 1959 com Chora, doutor (de J. Piedade, Orlando Gazzano e J. Campos).
Repetindo seu êxito nos carnavais, em 1963 destacou-se com o Samba do Iê-Iê-Iê (Estanislau Silva,William Duba e Rosa de Oliveira) e dois anos depois com Quero morrer no Rio, lançando em 1969 Bloco de Banana (de sua autoria), e em 1971 Teresinha Copa70 (Marli de Oliveira e Gatinho).
Além de cantor, também compôs algumas músicas, como Natal das crianças e Iansã, esta lançada no Carnaval de 1973. Gravou dois LPs, um pela Odeon, É para todo mundo cantar, e outro pela Polydor, Na boca do povo.
CDs: Carnaval - Sua história, sua glória, vol. 9, 1993, Revivendo RVCD-034; Carnaval - Sua história, sua glória, vol. 11, 1994, Revivendo RVCD-059.

Bob Nelson

Bob Nelson (Nelson Pérez), cantor e compositor, nasceu em Campinas, SP, em 12.10.1918, sendo o 6º dos oito filhos de José Pérez, espanhol, ferroviário da Mogiana e dono do Hotel Dalva, e de D. Floresmina. Fez o grupo escolar que funcionava em anexo à Escola Normal e formou-se contador na Escola de Comércio São Luiz. Em sua família só ele teria pendores artísticos.
Com 11 anos já trabalhava no comércio. Depois entrou na Mogiana, apenas para atender ao desejo do pai, foi contador da Armour e caixeiro-viajante. Iniciou-se como crooner da Orquestra Julinho e cantor-solista do Grupo Cacique, que apresentava na Rádio Educadora de campinas (PRC-9), nas pegadas do Bando da Lua e dos Anjos do Inferno, e era formado, além dele, por Paulinho Nogueira e seu irmão Celso, Armando do Couto, primo dos dois e médico, Aimoré dos Santos Matos, oficial, e pelo professor Enéas.
Quando Carmen Miranda se apresentou em Campinas, em 1939, lá estavam eles acompanhando a Pequena Notável. Uma noite, depois de assistir ao filme Idílio Nos Alpes, no Cine Rink, na rua Barão de Jaguara, por brincadeira, começou a se comunicar com um amigo à maneira das montanhas do Tirol, como o cowboy-cantor Gene Autry, com menos perfeição, já vinha fazendo. Aquilo fez vibrar as mocinhas que passavam.
Durante a semana, para viver percorria a Central do Brasil como vendedor das meias Ethel, que ninguém comprava devido ao preço. Uma noite, em Taubaté, cantou no serviço de alto-falante uma adaptação que tinha feito de Ó Suzana. Agradou demais e foi estimulado a ir à Hora da Peneira Rodine, na Rádio Cultura de São Paulo. Vai com o amigo Paulo, que fica com o 2º lugar, com Lábios que beijei, e ele, com Ó Suzana, com o 1º, repartindo entre si, conforme o combinado, os prêmios, 100 e 50 cruzeiros respectivamente, ou seja, 75 para cada um. Aí resolve ficar por São Paulo, tornando-se um "calouro profissional".
Quando canta, sempre Ó Suzana, no programa Calouros do Chá Ribeira, na Rádio Tupi, o diretor Dermival Costalima o contrata a 300 cruzeiros por mês. Numa reunião de diretores, fica decidido que Nelson Pérez positivamente não era nome de cowboy. Um diretor, folheando uma revista de cinema, dá com o nome de Robert (Bob) Taylor, grande galã da época. Costalima tem o estalo: "Bob Nelson!". Nessa ocasião, Assis Chateaubriand, todo-poderoso dono das Associadas, estava empenhando em homenagear, na Tupi, o oficial-comandante americano do Atlântico Sul. Teve uma de suas idéias: "Rapaz, pegue este dinheiro, vá à loja Sloper e compre uma roupa completa de cowboy. E cante Suzana, pois o homem é do Texas!" "- O americano gostou tanto que subiu no palco para abraçar. Ele era muito alto. Abracei ele no joelho!"
Com um repertório ampliado, nesse mesmo ano de 1943, vai atuar no Cassino Ahú, de Curitiba, a 300 cruzeiros por noite. A seguir faz todo o circuito das bases militares, até Natal e Fernando de Noronha. Na volta, Ziembinski o convida para ir ao Rio de Janeiro, onde atua na Rádio Tupi e no Cassino Atlântico, a 500 cruzeiros por noite, com mais sucesso até que Gregorio Barrios e Libertad Lamarque. Como a Tupi ficasse em atraso de pagamento por quatro meses, tenta leiloar nos corredores, com colegas, seus vales e é expulso pelo diretor. Assis Chateaubriand, que o chamava de "cowboy sem cavalo", chega pouco depois e dá-lhe razão: "Atrasou, não pagou, faz leilão dessa porcaria!"
Haroldo Barbosa sem demora o recomenda a Victor Costa, diretor da Nacional. Mesmo já sabendo de seu sucesso, quer testá-lo num programa de auditório. Não deu outra: contrato imediato. Daí em diante o Vaqueiro Alegre, seu slogan, faz-se astro do disco e da Rádio Nacional, emendando um sucesso após outro como Boi Barnabé (com Afonso Simão), Eu tiro o leite (com Sebastião Lima), Minha linda Salomé (Denis Brean e Vitor Simon), Te agüenta, Mané (com Almeida Rego) e Catulé (com Murilo Latini), e sua adaptação de Ó Suzana, gravada na Victor e depois lançada nos EUA.
O Brasil também o conhece através do cinema: Este Mundo É Um Pandeiro (1946), Segura Essa Mulher (1946), É Com Este Que Eu Vou (1948), no qual canta Como É Burro O meu Cavalo! , e Estou Ai? (1949).
Muito depois, em 1970, faria papel de padre em Vale do Canaã, sob a direção de Jece Valadão. Casa-se com Antonietta Leal Perez, em 1950, e têm dois filhos, Nelson Roberto e Eduardo José, e dois netos, Luciana Antonela e Victor Eduardo. Deixando de cantar, continua na Rádio Nacional, como secretário do departamento jurídico e diretor do departamento de gravações.
Na Nacional aposenta-se em 1976, depois de 26 anos ininterruptos de trabalho na estação. Jamais pararia, contudo, de trabalhar. É representante de produtos ópticos, percorrendo todo o Brasil para promover as vendas, e sempre disposto a se apresentar artisticamente, com a mesma disposição e a mesma capacidade de conquistar qualquer platéia.
Fontes: Revivendo Músicas - Biografias; Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora.

Carolina Cardoso de Meneses

Carolina Cardoso de Meneses, instrumentista e compositora, nasceu no Rio de Janeiro/RJ em 27/05/1916 e faleceu em 31/12/2000. Filha do pianista Osvaldo Cardoso de Meneses, começou a estudar piano aos 13 anos com Zaíra Braga e depois com Gabriel de Almeida e Paulinho Chaves. Formou-se em teoria e solfejo pelo I.N.M. (Instituto Nacional de Música), em 1930, estudando a seguir harmonia com seu primo Newton Pádua.
Ainda nesse ano, participou da histórica gravação do samba Na Pavuna (Almirante e Homero Dornellas), estreando realmente como profissional na Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, passando depois por várias emissoras, como a Rádio Educadora, Philips e Mayrink Veiga.
Gravou sua primeira composição, em 1932, pela Odeon: o fox Preludiando; e em 1935 transferiu-se para a Rádio Tupi, indo nove anos depois para a Nacional, onde ficou até 1968, quando se aposentou.
Em 1942 gravou três 78 rpm com Garoto, sob o título Garoto e Carolina. Complementando a tarefa iniciada por Ernesto Nazareth, ajudou a adaptar o chorinho para piano, como no seu LP gravado sob etiqueta Sinter Música de Ernesto Nazareth.
Compôs diversos sambas, choros, foxes e baiões, destacando-se na sua obra Aquela rosa que você me deu (com Armando Fernandes), marcha-rancho defendida por Ellen de Lima e classificada em segundo lugar no II Concurso de Músicas de Carnaval, promovido em 1968 pela Secretaria de Turismo do Estado da Guanabara.
Outros sucessos seus: Aquela rosa que você me deu, marcha-rancho (1967); Ausência, fox (1938); Caboclinha (com Osvaldo Cardoso de Meneses), choro (1933); Comigo é assim, choro; Era tão lindo o meu amor, canção (1932); Esquina da vida (com Armando Fernandes), samba (1954); Eu e ela, samba (1958); Mentiras (com René Bittencourt), bolero (1958); Nós dois (com A Fernandes), samba (1954); Nosso mal, samba (1953); Papai Noel (com Jorge André), canção (1931); Pombo-correio, choro (1931), e Preludiando, fox (1932).
A partir da década de 70 diminuiu suas atividades artísticas. Em 1997 gravou um CD com clássicos como Odeon (Ernesto Nazareth), Lamento (Pixinguinha) e Tico-tico no fubá (Zequinha de Abreu) e composições de sua autoria.
Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira: erudita, folclórica e popular. Popular. São Paulo, Art Editora.

Caco Velho

Caco Velho

Caco Velho (Mateus Nunes), cantor, instrumentista e compositor, nasceu em Porto Alegre/RS, em 12/3/1909, e faleceu em São Paulo, em 14/9/1971. Era filho de um violonista amador, trabalhou como auxiliar de mecânico na Editora Globo e desde cedo se interessou pelo samba.
Estreou, em 1932, na Rádio Gaúcha, como pandeirista do Regional de Piratini, conjunto no qual foi também crooner e tocou piano, baixo e bateria. Nessa época, apresentou-se em rádios e boates em Montevidéu, Uruguai, e Buenos Aires, Argentina, cantando sempre uma música de que gostava muito - Caco velho (Ary Barroso), que originou seu apelido.
Mudou-se para São Paulo em 1940, ingressando na orquestra de J. França e atuando no Cassino OK. Descoberto por Dermeval Costa Lima em 1943, foi levado para a Rádio Tupi, tornando-se cantor muito popular e passando a ser conhecido como "o homem com uma cuíca na garganta", por imitar o som de cuíca em vocalizações.
Gravou pela primeira vez, em disco Odeon de 78 rpm, em 1944, cantando os sambas Briga de gato (Lupicínio Rodrigues e Felisberto Martins) e Maria caiu do céu (com Nilo Silva).
Na Continental gravou os sucessos: em 1945, o samba Bombocado (Denis Brean); em 1946, um de seus grandes sucessos, o samba Meu fraco é mulher (Matias da Cruz e Heitor Barros) e o samba É doloroso (Heitor Barros e Alfredo Borba), em 1948, Alegria de pobre (Ciro de Souza).
Trabalhou também em cinema, participando dos filmes Carnaval Atlântida (de José Carlos Burle, 1952), Mulher de verdade (de Alberto Cavalcanti, 1954) e Carnaval em lá maior (de Ademar Gonzaga, 1955).
Ainda na Rádio Tupi, apresentou-se como crooner do conjunto de Robledo e, depois, da orquestra de Georges Henri, com quem excursionou a Paris, França, em 1955. Desse ano até 1957, cantou no cabaré La Macumba, em Paris, e, de volta a São Paulo, abriu sua primeira casa noturna, Derval Bar.
Na década de 1960 teve outra casa de samba - Brazilian's Bar - e por 1966 partiu para São Francisco, E.U.A., ode ficou durante dois anos, com o conjunto do Brazilian's Bar, apresentando-se em boates e shows em universidades.
Seguiu para Lisboa, Portugal, em 1968, onde fez apresentações em teatros, rádio e televisão.
Voltando a São Paulo, em 1970 passou a atuar nas boates Jogral e Mondo Cane, e no ano seguinte inaugurou nova casa de samba, Sem Nome Drinks. Participou, em 1971, do programa Som Livre Exportação, na TV Globo.
Como compositor destacou-se com Mãe preta (com Antônio Amabile), Barco negro (ambos gravados pela portuguesa Amália Rodrigues), Não faça hora, outro grande êxito em sua interpretação, e Não bobeie Kalamazu, gravada pelos Namorados da Lua.

Bidu Sayão

Bidu Sayão

Estava resoluto a colocar só figuras ilustres da Música Popular Brasileira neste blog. Mas existe um vulto elogiável e que não posso deixar de incluir aqui. Chama-se Bidu Sayão. Ela, na música lírica, mostrou que o nosso Brasil, além do samba, também é de Carlos Gomes, Villa-Lobos e etc. E além disso, mostrou um patriotismo elogiável: sempre brasileira. Leiam a pequena bioagrafia dessa linda senhora.
Dona de uma voz límpida e delicada, a soprano brasileira Bidu Sayão foi uma das mais respeitadas artistas do Metropolitan Opera de Nova York. Seu prestígio pode ser observado no próprio hall do teatro, que ostenta um imenso quadro em sua homenagem. Ao longo de sua carreira, conviveu e trabalhou com as maiores personalidades artísticas deste século, como o maestro Arturo Toscanini, um de seus grandes admiradores — ele a chamava de "la piccola brasiliana" —, Maria Callas, a pianista Guiomar Novaes e Carmem Miranda.
Além disso, foi a parceira favorita de Villa-Lobos, numa carreira que durou 38 anos. Nesse período, emprestou sua voz e imortalizou a Bachiana n.º 5, das Bachianas Brasileiras, as peças mais conhecidas e mais amadas do compositor. Esta, que foi considerada pelo maestro como a mais perfeita gravação da obra, foi escolhida para o prêmio Hall of Fame, dado pela National Academy of Recording Arts and Sciences.
Clássico brasileiro mais conhecido no mundo, por dois anos seguidos foi o disco mais vendido nos Estados Unidos. Bidu Sayão iniciou seus estudos musicais no Rio de Janeiro e aos 18 anos fez sua estréia no Teatro Municipal da cidade. Iniciou sua carreira internacional na Romênia, e aperfeiçoou seu canto em Nice, na França, com Jean de Reszke, o mais famoso professor da época, adquirindo a técnica perfeita e a delicadeza que viriam a caracterizá-la.
Em Roma, cidade que a viu nascer para o teatro lírico, foi surpreendida por um convite para que abrisse a temporada do Teatro Constanzi. Sua interpretação de Rosina em O Barbeiro de Sevilha, de Rossini, foi feita de forma tão admirável que lhe rendeu a entrada definitiva no rol dos grandes intérpretes líricos da Europa.
Em 1925, de volta ao Brasil, cantou novamente O Barbeiro de Sevilha antes de inaugurar outra temporada do Teatro Constanzi. Depois disso, atuou nos mais importantes teatros do Velho Mundo, como o Teatro São Paulo, em Portugal, Teatro Opera Comique de Paris e o Alla Scala de Milão, por exemplo.
Excelente atriz, sua força interpretativa garantiu-lhe viver 22 heroínas diferentes, entre elas, Ceci (O Guarani, Carlos Gomes), Gilda (Rigoletto, Verdi), Mimi (La Bohéme, Puccini), Suzana (Bodas de Fígaro, Mozart) e Violeta (La Traviata, Verdi).
Em 1936, a soprano brasileira Bidu Sayão fez sua grande estréia para o público norte-americano, cantando La Demoiselle Élue, de Debussy, em apresentação regida pelo maestro Toscanini no Carnegie Hall, em Nova York. Em 1937, estreou no Metropolitan Opera House de Nova York (onde foi grande figura por mais de 15 anos), cantando o papel título da ópera Manon, de Jules Massenet. O volume de convites que recebeu para cantar, na época, fez com que interpretasse 12 papéis diferentes em 13 temporadas.
Em fevereiro de 1938, cantou para o casal Roosevelt na Casa Branca. Na ocasião, o presidente chegou a oferecer-lhe a cidadania americana — rejeitada na hora por Bidu, que sempre cultivou o sonho de terminar a carreira e a vida como brasileira.
Encantados com Bidu Sayão, os americanos não a deixaram partir. Continuou a dar concertos através de todo o país, sempre colhendo triunfos, sendo, por isso, chamada pelos americanos de The Charming Singer. Em agosto de 1955, obteve um de seus maiores sucessos cantando no Hollywood Bowl. Com a Calgary Symphony Orchestra, foi chamada de "Glamorous Soprano Star".
Entre idas e vindas, o "Rouxinol Brasileiro" — apelido que ganhou do escritor Mário de Andrade — apresentou-se diversas vezes em palcos nacionais. Esteve no Rio de Janeiro em 1926, 1933, 1935 e 1936. Em São Paulo, apresentou-se nos anos de 1926, 1933, 1935, 1936, 1937, 1939, 1940 e 1946. Durante essas temporadas, cantou O Barbeiro de Sevilha, Rigoletto, Matrimônio Secreto, Um Caso Singular, Soror Madalena, O Guarani, Manon, Romeu e Julieta, I Puritani, La Traviata, La Bohéme e Lakmé.
Em 1957, Bidu Sayão decidiu encerrar sua carreira artística. Com a mesma La Demosele Élue com que entrou nos Estados Unidos, ela encerrou a carreira em 1958, ainda em perfeita forma e recebendo as maiores homenagens e melhores críticas dos jornais. Em 1959, mais de um ano após ter encerrado a carreira nos palcos e em público, fez uma gravação da Floresta Amazônica, de Villa-Lobos, atendendo ao pedido do compositor. Com ela, Bidu Sayão encerrou definitivamente a carreira, definindo este último trabalho com seu "canto do cisne".
Em 1995 veio ao Rio de Janeiro para ser homenageada pelo enredo da escola de samba Beija-Flor. Antes de ir embora, não escondeu sua vontade de retornar ao Brasil. Bidu Sayão morreu em 1999, aos 96 anos, no Estado do Maine, local onde viveu durante a maior parte do tempo, nos Estados Unidos. Seu maior desejo era visitar o Brasil pela última vez. Sonhava em ver a Baía de Guanabara antes de morrer e planejava isto para celebrar seu centenário. Após uma longa vida repleta de glórias e triunfos, a cantora não conseguiu realizar esse último desejo.
fontes: A melhor cantora lírica de todos os tempos - São Paulo ImagemData.

Carmélia Alves

Carmélia Alves, cantora, nasceu no Rio de Janeiro/RJ em 14/2/1925. Filha de cearenses, nascida e criada no subúrbio carioca de Bangu, desde cedo entrou em contato com a música do Norte e Nordeste, nas reuniões de repentistas que seus pais promoviam em casa.
Em 1940 participou do programa de calouros de Paulo Gracindo, na Rádio Tupi, e depois cantou no Programa do Tiro, da Rádio Nacional, apresentado por Barbosa Júnior, que a levou para cantar, com contrato, em seu outro programa, O Picolino. Nesse começo de carreira, em que interpretava sambas tentando imitar Carmen Miranda, foi contratada pela Rádio Mayrink Veiga por três anos.
Em 1943 passou a atuar tambêm como crooner na boate do Copacabana Palace Hotel; nesse ano gravou seu primeiro disco, na Victor, com o samba Deixei de sofrer (Dino e Popeye do Pandeiro) e a batucada Quem dorme no ponto é chofer (Assis Valente), lançado no Carnaval de 1944. Em 1944, também, excursionou por todo o país. Com a proibição do jogo em 1946, fixou-se em São Paulo SP, atuando em casas noturnas.
Voltou ao Rio de Janeiro em 1948, sendo novamente contratada pela Mayrink Veiga e pela boate do Copa- cabana Palace Hotel. Foi através do programa Ritmos da Panair, de Murilo Neri, transmitido pela Radio Nacional diariamente da boate, que começou a ser conhecida.
Em 1949 gravou, em dupla com Ivon Curi, pela Continental, o baião Me leva (Hervé Cordovil e Rochinha), o primeiro de uma série que a consagraria como a Rainha do Baião durante a década de 1950. Obteve grande sucesso com as gravações de Trepa no coqueiro (1950), de Ari Kerner, Sabiá na gaiola (1950) de Hervé Cordovil e Mário Vieira, o samba Coração magoado (1950), de Roberto Martins, e Cabeça inchada (1951), de Hervé Cordovil. Interpretando o baião com sotaque sulista, foi uma das maiores dïvulgadoras do gênero no Sul do país.
Em 1954, com seu marido, o cantor Jimmy Lester, realizou vitoriosa temporada em Buenos Aires, Argentina, cantando na boate Gong e na Rádio Belgrano, e, em 1956, já consagrada no Brasil, excursionou, durante cinco anos, pela Europa, África, Asia e E.U.A., divulgando a música brasileira e fazendo gravações.
Participou ainda de diversos filmes musicais: Tudo azul (1952), de Moacir Fenelon; Está com tudo (1952), de Luis de Barros; Agulha no palheiro (1953), de Alex Viany; Carnaval em Caxias (1954), de Paulo Wanderley; Trabalhou bem, Genival (1955), de Luis de Barros; Carnaval em lá maior (1955), de Ademar Gonzaga; e Pensão de Dona Estela (1956), de Alfredo Palácios e Ferenc Fekete.
No início da decada de 1970 apresentou-se freqüentemente no exterior e, em 1974, gravou o LP Ritmos do Brasil com Carmélia Alves, pela RGE, com Eu vou girar (B. Lobo e Agnaldo Alencar) e Peguei um ita no norte (Dorival Caymmi), entre outras. Em 1977, participou do show comemorativo dos 30 anos de baião, realizado no Teatro Municipal, de Sao Paulo, com Luis Gonzaga, Hervé Cordovil e Humberto Teixeira. Na década de 1990, da época áurea do rádio brasileiro.

Ney Matogrosso

Ney Matogrosso

Ney Matogrosso (Ney de Souza Pereira), cantor, nasceu em 1º de agosto de 1941 em Bela Vista, no Mato Grosso do Sul, fronteira com o Paraguai, e aos 17 anos entrou para a Aeronáutica, indo mais tarde trabalhar no laboratório de anatomia patológica do Hospital de Base de Brasília.

Pouco mais tarde começou a cantar em um quarteto vocal e participou de um festival universitário, depois do que enveredou para a carreira artística, querendo ser ator de teatro. Com esse objetivo foi para o Rio de Janeiro em 1966, onde virou hippie e passou a viver da venda de peças de artesanato. Trabalhou como iluminador na Sala Cecília Meireles. Fez a iluminação de vários grandes shows, como por exemplo, Paratodos, de Chico Buarque.

Em 1971 mudou-se para São Paulo, adotou o nome artístico Ney Matogrosso e passou a integrar o grupo Secos e Molhados, que, em apenas um ano e meio de vida, tornou-se um fenômeno, vendeu mais de um milhão de discos e se desfez. Ney projetou-se com o sucesso da banda, chamando a atenção por sua voz e por seu desempenho sempre teatral no palco.

Com o fim do grupo em 1974, seguiu uma carreira individual de sucesso, gravando então o LP Tercer mundo, pela Continental, mesma gravadora do LP Água do céu-pássaro, lançado no ano seguinte. Por essa época, fez shows no Rio de Janeiro e em São Paulo e trabalhou com Astor Piazzola em Milão, Itália, gravando um compacto duplo com ele e seu grupo. Ainda pela Continental lançou os dois LPs posteriores: Bandido (1976) e Pecado (1977). Pela WEA, lançou o LP Feitiço, em 1978.

No ano seguinte, com o show Seu tipo, pretendeu mudar a imagem andrógina e espalhafatosa, mas a tentativa não deu certo. Gravou o LP Seu tipo, WEA. Lançou em 1980 o LP Sujeito estranho, WEA. No ano seguinte, o disco Ney Matogrosso, Ariola, incluiu América do Sul (Paulo Machado) e Coubanakan (Moisés Simon, Sauvat e Champfleury) e ganhou um Disco de Ouro.

Em 1982 fez sucesso com o show Matogrosso, no Canecão, Rio de Janeiro, com destaque para Deixar você (Gilberto Gil) e Tanto amar (Chico Buarque). Gravou Matogrosso, Ariola.

Em 1983, já tendo lançado 8 LPs individuais, e recebido quatro prêmios, sendo dois Discos de Platina e dois Discos de Ouro, fez sua primeira tournee européia, que teve como ponto de partida o Festival de Jazz de Montreux (Suíça). Também nesse ano comemorou 10 anos de carreira, com o LP Pois é, Ariola.

Em 1984, numa iniciativa pioneira, alugou a lona do Circo Tihany e fez o espetáculo Destino de aventureiro, que ficou 5 meses em cartaz no Rio de Janeiro e depois correu o Brasil. Gravou pela Barclay o LP homônimo, que tambem recebeu Disco de Ouro e de Platina. Depois de dois anos sem gravar, voltou em 1986 com o LP Bugre.

Em 1990 lançou o disco A flor da pele, com Rafael Rabelo (Som Livre). A biografia Ney Matogrosso — um cara meio estranho, da jornalista Denise Pires Vaz, foi lançada em 1992-1993. Dirigiu o Prêmio Sharp de 1993, feito em homenagem a Ângela Maria e Caubi Peixoto. Em 1994 lançou As aparências enganam, com o grupo Aquarela Carioca (Polygram).

Em 1995 fez tournee pelo Brasil cantando o repertório de Ângela Maria, gravado no disco Estava escrito (Polygram). Gravou em 1996 Um brasileiro, disco dedicado a obra de Chico Buarque (Polygram). Em 1997 lançou pela Polygram o CD O cair da tarde, tributo a Villa-Lobos e Tom Jobim. Apresentou-se em shows de lançamento do CD com o pianista Leandro Braga e o grupo Uakti.
Confiram mais detalhes sobre este excelente intérprete da MPB em seu Site Oficial.
Algumas letras e músicas cifradas:

Cândido Botelho

Cândido Botelho (Cândido de Arruda Botelho), tenor, nasceu em São Paulo/SP em 24/2/1907 e falceu em 20/4/1955. Cursando o terceiro ano de direito, começou a estudar canto com Carlos Alves de Carvalho, no Rio de Janeiro.
Gravou em 1929 seu primeiro disco na Colúmbia com as modinhas Canção da felicidade (Barroso Neto) e Canção do violeiro (Lorenzo Fernandez). Com bolsa de estudos do governo do Estado de São Paulo, foi aluno de Vera Janacopulos em Paris, França, e de Morini, em Roma, Itália.
Intérprete preferido de Villa-Lobos em Paris, apresentou-se, em novembro de 1929, na sala Gaveau, ao lado de Monteiro da Silva e Leônidas Autuori, por ocasião da Semana Brasileira. De volta ao Brasil, exibiu-se ao lado da esposa, a pianista Maria do Carmo Monteiro de Arruda Botelho. Contratado pela Rádio Tupi no início da década de 1930, tornou-se conhecido como “A Voz Apaixonada do Brasil”. Como homenagem ao centenário de Carlos Gomes, gravou Mamma dice e Mon bonheur, desse compositor.
Em 1937, no Rio de Janeiro, atuou na Rádio Nacional e Rádio Jornal do Brasil, apresentando-se diariamente no programa A Hora do Brasil; em novembro de 1938, estreou no Teatro República e, no mês seguinte, na Rádio Mayrink Veiga. De 1931 a 1938, continuou a gravar canções populares na Columbia, como a embolada Passarinho verde (motivo popular), as modinhas Viola quebrada (Mário de Andrade), Quem sabe? (Carlos Gomes e Bittencourt Sampaio) e Conselhos (Carlos Gomes), além de algumas versões.
A partir de 1939 passou a gravar na Odeon, gravadora pela qual lançou em 1940 as marchas Fla-Flu (Haroldo Lobo e David Nasser) e Maria Antonieta (Haroldo Lobo e J. Cascata). Em setembro de 1939, na peça Joujoux et balangandans, de Henrique Pongetti, interpretou, entre outras canções, Aquarela do Brasil, de Ary Barroso, passando a dedicar-se ao samba, sem abandonar o canto lírico.
A 16 de fevereiro de 1940 estreou no Cassino da Urca, ao lado de Aurora Miranda, Grande Otelo, Mesquitinha, Manuel Pera e Anjos do Inferno, em O circo, quadros de motivos nacionais. Em junho desse ano foi para os E.U.A., como representante da música brasileira na Feira Mundial de New York. Consagrado como A Voz do Brasil, foi contratado por dois meses pela National Broadcasting Company.
Em fevereiro de 1941 retornou ao Brasil e logo seguiu para Buenos Aires, Argentina, como contratado do programa Hora do Brasil, da Rádio Municipal, atuando, nessa ocasião, com a orquestra de Radames Gnatalli. Regressou ao Brasil em 1941, voltando a se apresentar na Rádio Tupi, de São Paulo, e em inúmeras cidades do Brasil e do exterior. Em julho de 1941 participou da segunda versão de Joujoux et balangandans, no Teatro Municipal, do Rio de janeiro, e gravou a valsa Canta, Maria, seu maior sucesso, e os sambas Cena da senzala e Brasil moreno, todas de Ary Barroso. Gravou, entre outras, Berceuse da onda, de Lorenzo Fernandez, e Canção brasileira, de Francisco Mignone.
Atuou nos filmes Maridinho de luxo (1938), de Luis de Barros, e Joujoux et balangandans (1939), de Amadeo Castellaneto, filmagem da primeira versão da peça, na qual interpretou seis quadros Abandonou a carreira artística em 1942 para só retomá-la no curto período de 1951 a 1952, quando gravou seis músicas pela Continental.

Carmen Barbosa

Carmen Barbosa, cantora, nasceu no Rio de Janeiro/RJ em 4/9/1912 e faleceu em 3/9/1942. Começou na Victor, como corista de gravações. Influenciada pelo estilo de Carmen Miranda, teve sua oportunidade quando, em 1934, foi chamada para substituir uma cantora. A partir daí, assinou contrato e passou a gravar.
Deixou 14 discos com 27 músicas, lançadas entre meados de 1935 e junho de 1940 na Columbia (1935), RCA Victor (1937), Odeon (1937) e Columbia (1937-1940). Foi muito apoiada por Benedito Lacerda, que com sua flauta está presente em quase todas as suas gravações, sendo o compositor da maioria das músicas interpretadas por ela.
Entre seus maiores sucessos estão Palmeira triste, samba-canção de Herivelto Martins, e No picadeiro da vida, samba de Herivelto Martins e Benedito Lacerda. CD: Orlando Silva, Carmen Barbosa e Araci de Almeida, 1991, Revivendo CD-012.
Excertos de uma entrevista concedida por Carmen Barbosa à revista Carioca, num dos seus números de 1938: "Foi na Victor que eu comecei. Era corista de gravações. Sempre tive ótimo ouvido e aprendia, com facilidade, os sambas lançados em primeira mão. Passei uma porção de tempo nessa vida. Não me davam nenhuma oportunidade. Aborreci-me lá. Vim para a rua... Vivi a vida amarga dos chômerus" (operários sem trabalho) do rádio. De estúdio em estúdio, cantando em audições experimentais, para diretores apressados e distraídos. Vida de cachorro, sabe?"
Um dia, em 1934, uma cantora, Madelou Assis, faltou e Carmen foi chamada para substituí-la. Assinou contrato, passou agravar. A entrevista termina: "em casa tem sete irmãs. Entretanto, os vizinhos nunca reclamaram. Ela, é a única que canta".
Fontes: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora; Revivendo Músicas - Biografias.

Walter Wanderley

Walter Wanderley

Walter Wanderley (Walter José Wanderley Mendonça), instrumentista, nasceu no Recife/PE em 12/5/1932, e faleceu em São Francisco, EUA em 1/9/1986. Iniciou carreira como organista e pianista em Pernambuco.
Em fins da década de 1950 mudou para São Paulo onde integrou, em 1958, o conjunto do Bar Claridge. Em seguida, levado por Isaura Garcia (com quem casou mais tarde), passou a tocar piano no conjunto da boate Oásis.
Em 1959 estreou em disco, tocando órgão na gravação de E daí?... (Miguel Gustavo), na Odeon, por Isaura Garcia. Tocou ainda nas boates Michel e Reverie, e apresentou-se em bailes e na televisão.
Em 1960 começou a trabalhar no Captain’s Bar, no Hotel Comodoro, no conjunto que mais tarde passou a chamar-se Walter Wanderley e seu Conjunto, com ele no órgão. Em 1961 gravaram o LP Walter Wanderley e o bolero, na Odeon, com Sabor a mí (Alvaro Carrillo) e Solamente una vez (Agustín Lara), entre outras. O conjunto passou a acompanhar, na televisão e em gravações, diversos cantores, como João Gilberto, Isaura Garcia, Dóris Monteiro, Francisco Egidio, Morgana e outros.
Em 1962 lançou o LP Samba é samba, com O barquinho (Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli) e Palhaçada (Haroldo Barbosa e Luiz Reis), entre outras, e no ano seguinte o LP O samba é mais samba, entre outras, com Corcovado (Tom Jobim) e A mesma rosa amarela (Capiba e Carlos Pena Filho), ambos pela Odeon.
Em 1964, o conjunto, com nova formação, apresentou-se no Juão Sebastião Bar e passou a gravar na Philips. Ainda nesse ano, saíram os LPs Órgão sexy e Entre nós, e, nos anos seguintes, O autêntico (1965) e Sucessos + boleros = Walter Wanderley (1966).
Transferindo-se para os EUA, onde fixou residência na costa oeste, lançou pela etiqueta Verve os LPs Chegança (1967) e Batucada (1968), e pela AM Records, When it Was Done, em 1969, e Moondreams, em 1970.
Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora.

PRK-30: A irreverência no ar

PRK30
“É meu desejo que os senhores declarem pelo microfone desta emissora que a notícia que os matutinos desta tarde publicaram dizendo que foi preso o perigoso desordeiro Juliano Ferreira das Dores, não se refere absolutamente à minha pessoa. É bem verdade que eu me chamo Diomedes de Azevedo, mas quem não me conhece pode pensar perfeitamente que eu é que sou o tal Juliano Ferreira das Dores. Eu não quero confusões comigo. Muito agradeço. Assinado: Luis Maurício”.

O rádio brasileiro nunca mais foi o mesmo depois do dia 19 de outubro de 1944, data de estréia da PRK-30, o maior programa de humor no rádio da história do País, apresentado por Lauro Borges e Castro Barbosa.

Lauro e Castro faziam as vozes de mais de 25 personagens, sendo os principais Otelo Trigueiro, “o querido Tetelo das morenas inequívocas, das louras inelutáveis e até das morenas ferruginosas”, e Megatério Nababo d’Alicerce, um “português que se orgulha de ‘falar inglês em vários idiomas’”.

Em setembro de 1946, a PRK-30 passou a ser transmitida na Rádio Nacional, onde alcançou o auge do sucesso, com 52% da audiência do País em 1947. Com um humor simples, ingênuo, sem apelações, todas as sextas-feiras, às 20h30, a família se reunia para ouvir a PRK-30. O humor de Lauro e Castro utilizava bastante trocadilhos, muito comuns na época, além do nonsense, que hoje em dia poderia até ser sem graça. Mas o talento dos humoristas consegue se manter ao longo do tempo e fazer com que os ouvintes de hoje ainda consigam rir daquelas piadas.

Com novelas como “Só morra em Godoma” e programas como “A Hora da Ginasta”, a PRK-30 teve tanto sucesso que ficou 20 anos no ar, de 1944 a 1964. O jornalista Artur da Távola comenta em um artigo o segredo do sucesso da PRK-30: “Primeiro, o besteirol absoluto e sem compromissos ou engajamentos políticos partidários. Depois, a qualidade das tiradas, originais, divertidas (além de) uma sátira formidável dos cacoetes do rádio da época em forma de caricatura tanto vocal (dos dois) como através do texto direto e escorreito do programa".

Fonte: O Trem da Alegria

Castro Barbosa

.
Castro Barbosa (Joaquim Silvério de Castro Barbosa), cantor e humorista nasceu em Sabará/MG em 07/05/1905 e faleceu no Rio de Janeiro/RJ em 20/04/1975. Em 1931, quando trabalhava no Lóide Brasileiro, fez um teste na Rádio Educadora, do Rio de Janeiro, sendo apresentado a Almirante, que o convidou a participar de um programa.
Na emissora ficou conhecendo Noel Rosa, Custódio Mesquita, Nonô e Francisco Alves. Convidado pelo compositor André Filho, gravou seu primeiro disco em fevereiro de 1931, com a marcha Uvinha (André Filho) e o samba Tu hás de sentir (Heitor dos Prazeres), pela Parlophon. Gravou também, na Brunswick, o samba Tá de mona (Maércio e Mazinho), com o Bando da Lua.
Por essa época, conheceu Jonjoca (João de Freitas Ferreira), com quem formou uma dupla para concorrer com Mário Reis e Francisco Alves. Levado por Paulo Neto para a gravadora Victor, foi apresentado ao diretor artístico Rogério Guimarães. Nessa gravadora lançou, em 1931, Sinto falta de você e A cana está dura, ambas de Jonjoca e gravadas pela dupla, seguindo-se mais 20 gravações até 1933.
Lançou a rumba Aqueles olhos verdes (Menendez, versão de João de Barro), em 1932; os sambas Vou pegá Lampião (J. Tomás) e Carioca, e o fox-samba Flor de asfalto (ambas de J. Tomás e Orestes Barbosa), em 1933. Para o Carnaval de 1932, gravou a marcha O teu cabelo não nega (Irmãos Valença e Lamartine Babo), que se transformou num dos maiores sucessos carnavalescos de todos os tempos, e Passarinho... passarinho (Lamartine Babo).
A partir daí foram vários os seus sucessos carnavalescos, como, em 1937, Lig-lig-lig-lé (Osvaldo Santiago e Paulo Barbosa); em 1942, Praça Onze (Herivelto Martins e Grande Otelo) e, em 1943, China pau (João de Barro e Alberto Ribeiro). Outras gravações de destaque foram a marcha A maior descoberta (Índio), em dupla com Almirante, no Carnaval de 1934; a marcha Vou espalhando por aí, em dupla com Carmen Miranda, em 1935; a valsa Dona Felicidade (Benedito Lacerda e Nestor Tangerini), em 1937; e a canção Festa iluminada (Gomes Filho), em 1942.
De 1931 a 1951, em 78 rpm, gravou cerca de 82 discos, com 148 músicas, sendo poucas as gravações depois de 1944. Trabalhou em várias estações de rádio, mas sua grande oportunidade nesse meio surgiu no Programa Casé, da Rádio Philips. Em 1937 foi convidado por Renato Murce para substituir o ator Artur de Oliveira no Programa Palmolive, da Rádio nacional, ao lado de Dircinha Batista e Jorge Murad, atuando como cantor e humorista.
Continuou nessas duas atividades e foi convidado por Lauro Borges para fazer programa que marcaria época na história do rádio brasileiro, o PRV-8, depois PRK-30, levado ao ar na Rádio Mayrink Veiga, na Rádio Clube do Brasil e, mais tarde, em São Paulo SP com o nome de PRK-15. Nesse programa ficou famoso com a caracterização de português.
Com o advento da televisão passou para a TV Paulista por mais quatro anos e , retornando ao Rio de Janeiro em 1959, lançou na TV-Rio o programa Só Tem Tantã, com Chico Anísio no papel principal, mais tarde transformado em quadro do Chico Anísio Show. Chico Anísio e Sérgio Porto escreviam e apresentavam quadros humorísticos em seu programa, entre os quais ficaram famosos "Feira livre", "Só tem tantã" e "Coral dos Bigodudos".
Durante oito meses atuou no programa de Renato Murce na TV-Rio, fazendo "As piadas do Manduca" (também um antigo programa de sucesso na época do rádio), "Seu Ferramenta" e a "PRK-30".
Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora.

Cauby Peixoto

Cauby Peixoto

Cauby Peixoto (Caubi Peixoto Barros), cantor, nasceu em Niterói-RJ, na Rua Joaquim Norberto, bairro de Fonseca, em 10/2/1934. De família de artistas populares, o pai, conhecido por Cadete, tocava violão, a mãe tocava bandolim, o tio, Nonô (Romualdo Peixoto) era pianista e homem de rádio, o primo Ciro Monteiro foi cantor e compositor famoso, os irmãos Moacir e Araquém tornaram-se instrumentistas e a irmã Andiara foi cantora.
Estudou num colégio de padres salesianos no Rio de Janeiro, e já no tempo de estudante cantava no coral da igreja. Mais tarde, quando trabalhava no comércio, apresentou-se no programa de calouros da Rádio Tupi, Hora dos Comerciários, patrocinado pelo SESC e dirigido pelo pianista Babi de Oliveira, conseguindo então chamar a atenção da Revista do Rádio, em 1949.
Cantou também no conjunto de seu irmão Moacir, na boate carioca Casablanca e, em 1951, gravou seu primeiro disco, pela Som, lançando o samba Saia branca (Geraldo Medeiros), para o Carnaval. Em 1952, mudou-se para São Paulo, passando a cantar nas boates Oásis e Arpège, e na Rádio Excelsior, destacando-se sempre com repertório de músicas estrangeiras.
Por volta de 1954, foi ouvido pelo empresário Di Veras, que, pretendendo renovar o elenco da Rádio Nacional, do Rio de Janeiro, então dominado por ídolos como Emilinha Borba e Orlando Silva, o convidou para atuar naquela emissora. Seu lançamento na rádio foi preparado nos moldes norte-americanos, com grande publicidade e muita promoção, e, em pouco tempo, ele também se tornaria um ídolo, adorado e perseguido pelas fãs.
Sua imagem foi forjada para agradar: vestindo-se de maneira extravagante para a época, e colocando trinados e versos inexistentes em suas canções, criou um tipo diferente, obtendo sucesso imediato.
Ainda em 1954, gravou com êxito o fox Blue Gardenia (Bob Russel e Lester Lee, versão de Antônio Almeida e João de Barro) e, nos cinco anos seguintes, foi considerado o cantor mais popular do país.
Em 1956 gravou em disco de 78 rpm, pela Columbia, Conceição (Jair Amorim e Dunga), que se transformou no maior sucesso de seu repertório. Da Rádio Nacional, passou para a Rádio Tupi e gravou Nono mandamento (René Bittencourt e Raul Sampaio), em 1957; Prece de amor (René Bittencourt), em 1958; Ninguém é de ninguém (Humberto Silva, Toso Gomes e Luís Mergulhão) e É tão sublime o amor (P. Francis Webster e Sammy Fain, versão de Antônio Carlos).
Depois de aparecer na revista norte-americana Time como o maior ídolo da canção popular brasileira, foi convidado para uma excursão aos E.U.A., onde gravou, com o nome de Ron Coby, um LP com a orquestra de Paul Weston, cantando em inglês. De volta ao Brasil, comprou, em sociedade com os irmãos, a boate carioca Drink, passando a se dedicar mais a administração da casa e interrompendo, assim, suas apresentações.
Em 1959, retornou aos E.U.A. para uma temporada de 14 meses, durante os quais realizou espetáculos, apresentou-se na televisão e gravou, em inglês, Maracangalha (Dorival Caymmi), que recebeu o titulo de I Go. Numa terceira visita aos E.U.A., algum tempo depois, participou do filme Jamboree, da Warner Brothers.
Durante toda a decada de 1960, limitou-se a apresentações em boates e clubes. Em 1970 reapareceu como vencedor do Festival de San Remo, na Itália, classificando em primeiro lugar a música que defendeu, Zingara (R. Alberteli, versão de Nazareno de Brito). Em 1971 participou do VI FIC da TV Globo, no Rio de Janeiro, cantando Verão vermelho (Sergio Ferreira da Cruz).
A partir da década de 1970, passou a se apresentar em programas de televisão no Rio de Janeiro, e a realizar pequenas temporadas em casas de diversão noturnas do Rio de Janeiro e de São Paulo. Em 1979 apresentou-se também em Vitória-ES e Recife-PE, no Projeto Pixinguinha da Funarte, ao lado de Zezé Gonzaga.
Em 1980, em comemoração aos 25 anos de carreira, lançou pela Som Livre o disco Caubi, Caubi, com músicas feitas especialmente para ele por Caetano Veloso (Caubi, Caubi), Chico Buarque (Bastidores), Tom Jobim (Oficina), Roberto e Erasmo Carlos (Brigas de amor) e outros. No mesmo ano, apresentou-se nos shows Bastidores, da Funarte, Rio de Janeiro, e Caubi, Caubi, os bons tempos voltaram, na boate Flag, São Paulo.
Em 1982 apresentou no 150 Nigth Club, em São Paulo, ao lado dos irmãos Moacir (piano) e Araken (piston) e lançou o LP Ângela e Caubi, o primeiro encontro dos dois cantores em disco, com sucessos como Começaria tudo outra vez (Gonzaguinha), Recuerdos de Ypacaraí (Z. de Mirkin e Demétrio Ortiz) e a valsa Boa noite, amor (José Maria de Abreu e Francisco Matoso).
Em 1989, os 35 anos de carreira foram comemorados no bar e restaurante A Baiúca, em São Paulo, ao lado dos irmãos Moacir, Araquen e Iracema e Andiara (vozes). No mesmo ano, a RGE relançou o LP Quando os Peixotos se encontram, de 1957. Em 1993 foi o grande homenageado, ao lado de Ângela Maria, no Prêmio Sharp de Música. Em 1996, foi lançada pela Columbia caixa com 2 CDs abrangendo suas gravações de 1953 a 1959, com sucessos como Conceição.
É considerado "o maior cantor do Brasil" por personalidades como Roberto Carlos, Emílio Santiago, Cid Moreira, Jô Soares, Aracy Balabanian, José Messias e tantos e tantos outros colegas seus. É, também, tratado carinhosamente pelos colegas de "O Professor", o que caracteriza respeito e admiração. CD: Caubi Peixoto (2 CDs), 1996, Columbia 729.046/2- 479285.
Algumas letras e cifras:
Fontes: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora; Geraldo Freire - Biografia de Cauby Peixoto.

Nonô

.
Nonô (Romualdo Peixoto), pianista e compositor, nasceu em Niterói/RJ em 7/2/1901 e faleceu em 13/11/1954. Sem nunca haver estudado música, aos nove anos já se apresentava em um clube, tocando piano.
Tio do sambista Ciro Monteiro, do pianista Moacir Peixoto, do trompetista Araquém Peixoto e do cantor Cauby Peixoto, em 1929 passou a integrar a Orquestra Brunswick, liderada pelo baterista J. Tomás.
No início da década de 1930, participou de diversos conjuntos e orquestras. Com Djalma Guimarães (trompete), Ismerino Cardoso (trombone), Valfrido Silva (bateria), Luperce Miranda (cavaquinho e bandolim), Tute (violão) e Custódio Mesquita (piano), integrou a orquestra que acompanhava as apresentações de Francisco Alves e Mário Reis, no Teatro Lírico, no Rio de Janeiro.
Atuava também na Rádio Philips, no Programa Casé, acompanhando os grandes cartazes do rádio, entre os quais Sílvio Caldas, Luís Barbosa, Noel Rosa e Marília Batista. Em 1932, com Noel Rosa, Mário Reis e Francisco Alves, excursionou a Porto Alegre/RS, onde se exibiu no Cine-Teatro Imperial. Nessa viagem, compôs com Noel Rosa o samba Vitória, criticando o cantor Francisco Alves, que não ficou ofendido e até participou do coro, quando a composição foi gravada por Sílvio Caldas, na Victor, em 1933.
Em 1932 gravou disco na Columbia, interpretando ao piano o choro de sua autoria Uma farra em Campo Grande. Participou depois da gravação de centenas de discos, como pianista de diversos conjuntos de estúdio, entre os quais Bambas do Estácio, Orquestra Copacabana (da Odeon), Gente Boa (da Odeon) e Gente do Choro.
Em 1933, embora seu nome não apareça no selo, acompanhou Mário Reis no disco da Columbia que incluía os sambas Esquina da vida (Noel Rosa e Francisco Matoso) e Meu barracão (Noel Rosa). Também de 1933 são vários discos da Odeon em que acompanhou cantores famosos da época, como Mário Reis, em Mulato bamba, de Noel Rosa; Francisco Alves, em Tristezas não pagam dívidas, de Ismael Silva; a dupla Mário Reis e Francisco Alves, em Estamos esperando, de Noel Rosa, e Rir, de José de Oliveira; Noel Rosa, em seu próprio samba Arranjei um fraseado; etc.
No ano seguinte, seu nome constou como pianista no selo de um disco da Victor com os sambas Alô, Moçoró! e Cheio de saudade (ambos de Mário Travassos de Araújo) interpretados por Sílvio Caldas e Luís Barbosa.
Como compositor, fez Perto do céu (com Francisco Matoso) gravado por Silvinha Melo, na Victor, em 1935; Vai-te embora (letra de Francisco Matoso), gravado por Mário Reis para o Carnaval de 1936, e ainda as valsas Cigana (com Paulo Roberto), gravada por Sílvio Caldas, na Odeon, em 1937; e Jardim das flores raras (com Francisco Matoso), gravada por Roberto Paiva, na Odeon, em 1938.
Apelidado por César Ladeira de O Chopin do Samba, atuou sobretudo nas décadas de 1930 e 1940, quando foi um dos mais destacados pianistas de samba, com execuções que marcaram época, pelo sentimento, emotividade e intuição.
Na década de 1950, já afastado dos meios musicais, foi funcionário da Secretaria da Viação e Obras Públicas do Estado do Rio de Janeiro. Em 1954, pouco antes de morrer, doente e sem recursos, foi homenageado num festival, promovido em Niterói por artistas do rádio e do disco. Em 1957, o pianista Fats Elpídio gravou na Victor o LP de dez polegadas Recordando Nonô.