domingo, 9 de dezembro de 2007

Olga Praguer Coelho

Olga Praguer Coelho, soprano e violonista, nasceu em Manaus, AM em 12/8/1909. Sua iniciação musical foi feita pela mãe. Em 1920, a família transferiu-se para Salvador. Em 1923 estabeleceram-se no Rio de Janeiro, num casarão situado na Rua das Laranjeiras. Posteriormente, em 1927, teve aulas de violão com o cantor e violonista Patrício Teixeira.
Em 1928 Patrício Teixeira a levou para a Rádio Clube do Brasil. No ano seguinte, realizou sua primeira gravação para a Odeon, registrando a embolada A mosca na moça, de motivo popular e o samba do norte Sá querida, de Celeste Leal Borges. Nessas gravações foi acompanhada pelos violões de Patrício Teixeira e Rogério Guimarães.
Ainda em 1929, passou a estudar sob a orientação do compositor Lorenzo Fernandez, com quem teve aulas de teoria, harmonia e composição. Em 1932, ingressou no Instituto Nacional de Música, estudando sob a orientação de Lorenzo Fernandez. Concluiu o curso rapidamente, diplomando-se no ano seguinte. Passou então a tomar aulas de canto com Riva Pasternak e Gabriella Bezansoni. Casou-se com o poeta Gaspar Coelho.
Em 1930, lançou mais três discos pela Odeon dos quais se destacam os motivos populares Puntinho branco, com versos de Olegário Mariano, Morena, com versos de Guerra Junqueiro e a canção Vestidinho novo, de Joubert de Carvalho.
Em 1935, assinou contrato de exclusividade com a Rádio Tupi do Rio de Janeiro e São Paulo. No mesmo ano, apresentou-se em Buenos Aires na Argentina, quando da visita do Presidente Vargas aquele país. No ano seguinte, gravou 7 discos na Victor (14 músicas), entre as quais adaptações de canções tradicionais - tipo de trabalho que caracterizaria sua carreira artística, como a modinha Róseas flores e o lundu Virgem do rosário além da canção Luar do sertão, de João Pernambuco e Catulo da Paixão Cearense e a modinha Gondoleiro do amor, de motivo popular com versos de Castro Alves.
Gravou ainda com Pedro Vargas o lamento Canto de expatriação, de Humberto Porto e o acalanto Boi, boi, boi, de motivo popular com adaptação de Georgina Erisman. Ainda no mesmo ano, foi indicada pelo governo Vargas como Embaixatriz do Brasil no Congresso Internacional de Folclore realizado em Berlim na Alemanha.
Em 1937, seguiu para Europa, onde teve aulas de canto com Rosner. Em 1938, lançou mais um disco na Victor com o registro da modinha Mulata tema popular com versos de Gonçalves Crespo e a macumba Estrela do céu, uma adaptação sua de um motivo popular.
Em 1939, apresentou-se em Lisboa, empreendendo em seguida uma turnê pela Austrália, Nova Zelândia e África do Sul. Em 1942 gravou na Victor o coco Meu limão, meu limoeiro, do folclore brasileiro e a modinha Quando meu peito..., de domínio público.
Em 1944, conheceu o violonista espanhol Andres Segovia (1893-1987) com quem passou a viver. Segovia lhe dedicou várias transcrições e arranjos para canto e violão. Passou desde então a residir em Nova York e empreendeu uma vitoriosa carreira artística internacional. Freqüentou a elite musical européia tendo sido apresentada na França pelo compositor Darius Milhaud, na Itália por Mario Castelnuovo-Tedesco, em Estocolmo por Segóvia e em Nova York por Sergey Koussevitzky e Aaron Copland.
Vários compositores lhe dedicaram obras e transcrições para voz e violão, destacando-se no conjunto dessas a da famosa "Bachianas nº 5" de Villa Lobos (original para oito violoncelos), feita especialmente para ela, que contava com o apoio da esposa de Villa Lobos, Dª Mindinha, para convencê-lo a tal empreendimento. A obra foi estreada com enorme sucesso em concerto no Town Hall em Nova York, contando com a presença de Segóvia e Villa-Lobos na platéia.
Em 1956, jornais de várias nacionalidades destacaram a beleza de sua arte. Para o "Le Figaro", ela possuía "uma bela voz, uma extraordinária musicalidade a serviço de um repertório único". No "New York Times" recebeu crítica do famoso musicólogo americano Olin Downes, dizendo que "cantando Villa-Lobos, o legendário pássaro uirapuru brasileiro, Olga também toca seus acompanhamentos de guitarra com a maestria que aprendeu de Segovia. Um alcance extraordinário de voz e de repertório. A maior folclorista que este crítico já encontrou".
Na velhice, passou a viver em um apartamento na Rua das Laranjeiras, num prédio construído no lugar do casarão onde morou com sua família na sua juventude.

Otília Amorim

A atriz e cantora Otília Amorim nasceu no Rio de Janeiro/RJ em 13/11/1894 e faleceu em São Paulo/SP, circa 1970. Estudou num colégio de freiras, até que dificuldades financeiras da família levaram à interrupção de seus estudos.
Estreou como artista em 1910 atuando como atriz no filme Vida do Barão do Rio Branco, de Alberto Botelho. No ano seguinte estreou como corista no Teatro de revistas com Peço a palavra, no Teatro Carlos Gomes do Rio de Janeiro.
Era uma completa atriz de revista. Dançava, era caricata, representava, era bonita e desembaraçada, com total domínio da platéia, foi, segundo o poeta Orestes Barbosa, "a precursora do samba no palco". Grande dançarina de maxixes, seu primeiro papel importante foi de Olga na opereta Ela encenada no antigo Teatro Chantecler.
Trabalhou em muitas companhias teatrais, dentre as quais a de Carlos Leal e Procópio Ferreira. Trabalhou com Leopoldo Fróes, com quem excursionou pela Bahia e Pernambuco, até ingressar no Teatro São José, onde estreou em 1918, na burleta Flor do Catumbi, de Luiz Peixoto e Carlos Bittencourt, com música de Júlio Cristóbal e Henrique Sánchez.
Em 1919, voltou ao cinema, atuando nos filmes Alma sertaneja e Ubirajara, ambos de Luís de Barros. No ano seguinte, apresentou-se no Teatro São José cantando com grande sucesso, ao lado de Álvaro Fonseca a marcha Pois não, de Eduardo Souto e Philomeno Ribeiro, no quadro Gato, Baêta e Carapicu, na revista Gato, baeta e carapicu, de Cardoso de Meneses, Bento Moçurunga e Bernardo Vivas.
Em 1922 , exibiu-se com sua própria companhia no Teatro Recreio, excursionando em seguida por São Paulo e Rio Grande do Sul. Na revista Se a moda pega, de Carlos Bittencourt e Cardoso de Meneses com música de Henrique Vogeler, encenada em 1925 no Teatro João Caetano, interpretou a marcha Zizinha, de Freitinhas.
Sua discografia é pequena, e se iniciou somente em 1931, com cinco discos para a Victor, de onde se destacam o samba Eu sou feliz e o samba batuque Nego bamba, ambos de J. Aimberê. Neste mesmo ano, participou do filme Campeão de futebol, de Genésio Arruda. Ainda na mesma época, gravou do maestro pernambucano Nelson Ferreira, o samba Tu não nega sê home.
Em 1932 estreou no Teatro recrio a revista Calma, Gegê!, onde interpretou o grande sucesso da temporada, a marcha Gegê, de Getúlio Marinho. No mesmo ano gravou na Columbia a marcha Napoleão, de Joubert de Carvalho.
O escritor e musicólogo Mário de Andrade, no Compêndio de História da Música, relacionou entre seus sambas preferidos, quatro gravados por ela: Nego bamba, Vou te levar, Eu sou feliz e Desgraça pouca é bobagem.
Após casamento com empresário paulista, retirou-se da vida artística. Em 1963, recebeu a medalha Homenagem ao Mérito, da Associação Brasileira de Críticos Teatrais, por sua dedicação ao teatro brasileiro. Em 1989, o selo Revivendo lançou o LP Sempre sonhando com interpretações suas e de Gastão Formenti, Alda Verona, Raul Roulien.

Pepa Delgado

Pepa Delgado (Maria Pepa Delgado), cantora e atriz de teatro de revistas nasceu em 21/7/1887 em Piracicaba, SP e faleceu em 11/3/1945, no Rio de Janeiro, RJ. Era filha Ana Alves e do toureiro espanhol Lourenço Delgado, que se tornou fotógrafo ao chegar ao Brasil.
Em 1902 veio com o pai para o Rio de Janeiro e, aos 15 anos de idade, se tornou atriz e cantora. Entre 1902 e 1920, atuou em várias revistas encenadas no Teatro São José, no Rio de Janeiro. Em 1905, gravou para a Casa Edison a cançoneta O abacate e o maxixe Café ideal, ambos da revista Cá e lá, com música da maestrina Chiquinha Gonzaga. No mesmo ano, gravou Um samba na Penha, da revista Avança e A recomendação, de Assis Pacheco.
Em 1912, a Columbia lançou discos seus, nos quais se lia em uma das faces: "Atriz brasileira que tem feito sucesso e arrancado (sic) de nosssas platéias as mais ruidosas manifestacoes (sic)". Em algumas dessas gravações, se apresentou cantando em duetos com Mário Pinheiro, registrando, entre outras, o tango Vatapá, de Paulino Sacramento.
Entre suas gravações, destacam-se ainda a canção Iara (Rasga o coração), de Anacleto de Medeiros e Catulo da Paixão Cearense e, principalmente, Corta-jaca (Gaúcho), de Chiquinha Gonzaga, sua gravação de maior sucesso, ao lado do cantor Mário Pinheiro.
Em 1920, casou-se com o oficial do Exército Almerindo Álvaro de Moraes, que era tesoureiro do Clube dos Democráticos, onde se tornara mais conhecido pelo apelido de Lambada.
Pepa muitas vezes saiu integrando a comissão de frente no desfile dos Préstitos da terça-feira gorda. Nesse mesmo ano seguiu com o marido para a cidade de Campos-RJ, onde se apresentou em teatros.
Encerrou sua carreira artística em 1924, aos 37 anos de idade. Foi ela quem solicitou a Fred Figner, proprietário da Casa Edison e diretor-geral da Odeon Brasileira, que doasse um terreno em Jacarepaguá para construir o Retiro dos Artistas, situado na Rua dos Artistas, ainda hoje em funcionamento.

Paquito

Paquito (Francisco da Silva Fárrea Júnior), compositor, nasceu no Rio de Janeiro/RJ em 9/2/1915 e faleceu na mesma cidade em 31/7/1975. Compositor de músicas carnavalescas, geralmente satirizando os dramas da "vida apertada" dos moradores dos subúrbios cariocas, obteve seu primeiro grande sucesso no carnaval de 1941 com O trem atrasou (com Estanislau Silva e Artur Vilarinho), gravado por Roberto Paiva.
Lançou o samba Não me diga adeus (com Luís Soberano e João Correia da Silva), gravado por Araci de Almeida, para o carnaval de 1948. Tornou-se, a partir do ano seguinte, presença constante nas paradas carnavalescas, começando nessa época a compor com Romeu Gentil, que seria seu grande parceiro durante toda a vida.
Jacarepaguá (com uma melodia semelhante à da rumba Cubanchero), o primeiro grande êxito da dupla, em parceria com Marino Pinto, foi gravado pelos Vocalistas Tropicais para o carnaval de 1949.
Seguiram-se vários sucessos, como a marcha Daqui não saio, também gravada pelos Vocalistas Tropicais e grande sucesso do carnaval de 1950, satirizando o problema de moradia no Rio de Janeiro; Tomara que chova, gravado pelos Vocalistas Tropicais e por Emilinha Borba para o Carnaval de 1951; a Marcha do conselho gravada por Roberto Paiva em 1954; e no ano seguinte Água lava tudo, marcha da dupla com Jorge Gonçalves, gravada depois por Emilinha Borba.
Em 1956, Jackson do Pandeiro fazia grande sucesso com Boi da cara preta, marcha da dupla com José Gomes e em 1961 surgia Bobeei, sendo Bigorrilho o último sucesso da dupla, gravado em 1964 por Jorge Veiga e inspirado no samba de Pixinguinha O malhador.
Foi um dos fundadores da SBACEM, da qual foi fiscal, morrendo depois de longa doença.
Obras: Água lava tudo (c/Romeu Gentil e Jorge Gonçalves), marcha, 1955; Bigorrilho (c/Romeu Gentil e Sebastião Gomes), samba, 1964; Bigu (c/Romeu Gentil e Sebastião Gomes), samba, 1965; Boi da cara preta (c/Romeu Gentil e José Gomes), marcha, 1956; Daqui não saio (c/Romeu Gentil), samba, 1950; Jacarepaguá (c/Romeu Gentil e Marino Pinto), marcha, 1949; Não me diga adeus (c/Luís Soberano e João Correia da Silva), samba, 1947; Nem de vela acesa (c/Romeu Gentil), marcha, 1950; Tomara que chova (c/Romeu Gentil), marcha, 1951; O trem atrasou (c/Estanislau Silva e Artur Vilarinho), samba, 1941.

Nilo Amaro e Seus Cantores de Ébano

Nilo Amaro e Seus Cantores de  Ébano

Nilo Amaro e Seus Cantores de Ébano - Grupo formado por Nilo Amaro (Moisés Cardoso Neves) e um coro de vozes negras femininas e masculinas (um soprano, um mezzo soprano, um contralto, dois baixos, um tenor e três barítonos), com destaque para o baixo Noriel Vilela.

O conjunto fez muito sucesso na década de 1960. Seu repertório era composto de clássicos da música popular brasileira (sambas e sambas-canções) e do folclore, e de versões para o idioma português de spirituals dos negros americanos, sendo considerado o precursor da música gospel no Brasil. Um de seus maiores sucessos foi a gravação de Leva eu (Sodade)" ("Oh! Leva eu/ Minha saudade/ Que eu também quero ir...").

Lançaram dois LPs pela Odeon (1961 e 1963), reeditados, em 2000, na coletânea Seleção de Ouro - 20 Sucessos - Nilo Amaro e Seus Cantores de Ébano, contendo as faixas Uirapuru (Murillo Latini e Jacobina), Leva eu sodade (Alventino Cavalcanti e Tito Neto), Suas mãos (Pernambuco e Antônio Maria), A lenda do Abaeté (Dorival Caymmi), Azulão (Jayme Ovalle e Manuel Bandeira), Minha graúna (Avarese e Tito Neto), Dorinha (Ary Monteiro e Tito Neto), Tammy (Jay Livingston e Ray Evans), Fiz a cama na varanda (Ovídio Chaves e Dilu Melo), "Down by the riverside", Greenfields (Terry Gilkyson, Richard Deher, Romeo Nunes e Frank Miller), Vaqueiro prevenido (Jacobina e Manoel Macedo), Ellie Lou (You left me there in Charleston) (Sigmam, Loose, Olias e Romeo Nunes), Canção de ninar meu bem (Gracindo Junior e Bidu Reis), A lenda do Rio Amazonas (Jairo Aguiar), Urutau (Murillo Latini e Jacobina), Eu e você (Roberto Muniz e Jairo Aguiar), Devaneio (Djalma Ferreira e Luiz Antônio), Boa noite (Francisco J. Silva e Isa M. da Silva), Nobody knows the trouble I've seen (Nat King Cole e Gordon Jenkins).

Nilo Amaro faleceu em Goiânia, aos 76 anos, no dia 18 de abril de 2004.

Fonte: Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira.

Quarteto em Cy

Quarteto em Cy

Quarteto em Cy - Conjunto vocal formado em Salvador BA pelas irmãs Cyva (Cyva de Sá Leite, Ibirataia BA 1939-), Cybele (Cybele de Sá Leite, Ibirataia 1940-), Cynara (Cynara de Sá Leite, Ibirataia 1945-) e Cylene (Cylene de Sá Leite 1946-).
Inicialmente Cynara e Cylene, Cyva e Cybele cantavam em duplas em Salvador. Depois, uniram-se, formando o quarteto, que estreou na TV Itapoã, em Salvador. Em 1959, Cyva foi para o Rio de Janeiro RJ tentar carreira artística, e depois as outras a seguiram. Conheceram, então, Vinícius de Moraes, que sugeriu o nome para o quarteto.
Em maio de 1963, o conjunto gravou com Catulo de Paula a trilha sonora do filme Sol sobre a lama, de Alex Viany. Em 1964 o quarteto fez o primeiro show, na boate carioca Bottle's, e em seguida acompanhou Vinícius de Moraes e Dorival Caymmi em show produzido por Aluísio de Oliveira na boate carioca Zum-Zum, gravando o primeiro LP - Quarteto em Cy - pela Forma, onde se destacaram suas interpretações de Reza (Edu Lobo e Rui Guerra) e Berimbau (Baden Powell e Vinícius de Moraes).
Em 1965 lançou, também pela Forma, o LP Som definitivo, com, entre outras, Arrastão (Edu Lobo e Vinícius de Moraes) e Das rosas (Dorival Caymmi); e, em 1966, gravou o LP Quarteto em Cy, pela Elenco, com Pedro pedreiro (Chico Buarque de Hollanda) e Canto de Ossanha (Baden Powell e Vinícius de Moraes).
Sem Cylene, que saiu do grupo para casar e foi substituída por Regina, cantora carioca que mudou seu nome para Cyregina, o quarteto foi aos EUA, ainda em 1966, apresentando-se em televisão. Na volta, participou do Show do crioulo doido, de Sérgio Porto, no Teatro Toneleros, no Rio de Janeiro.
A partir de 1967, Cynara e Cybele, sem se desligarem do quarteto, começaram a cantar em dupla, defendendo Carolina (Chico Buarque de Hollanda), no II FIC, da TV Globo, do Rio de Janeiro, em que foram classificadas em terceiro lugar. Ainda no mesmo ano, o grupo lançou o LP Marré em Cy pela Elenco.
Em 1968, Cynara e Cybele cantaram a música vencedora do III FIC: Sabiá (Chico Buarque de Hollanda e Tom Jobim); e o quarteto gravou, nesse mesmo ano, o LP Em Cy maior, pela Elenco, com Samba do crioulo doido (Sérgio Porto) e Juliana (Dorival Caymmi).
Através do produtor Aluísio de Oliveira, casado com Cyva, o quarteto foi contratado para atuar nos EUA. Cynara e Cybele deixaram o conjunto nessa ocasião e foram substituídas por Cynthia e Cymíramis, ficando apenas Cyva, do quarteto original. No entanto, em janeiro de 1970, ainda nos EUA, o grupo se desfez, sendo reestruturado em 1972, quando Cyva voltou ao Brasil. A partir de então o quarteto foi formado por Cyva e Cynara e mais Soninha (Sônia Maria Ferreira de Medeiros Albuquerque, Rio de Janeiro 1947-) e Dorinha (Dora Tapajós Gomes, Rio de Janeiro 1950-).
O conjunto gravou, em 1972, pela Odeon, o LP Quarteto em Cy, com Quando o carnaval chegar (Chico Buarque de Hollanda) e Tudo o que você podia ser (Lô e Márcio Borges). Em 1975, lançou pela Philips o LP Antologia do samba-canção, com pot-pourri de Ary Barroso, Lupicínio Rodrigues, Herivelto Martins e outros, e em 1979 saiu Cobra de vidro, LP gravado com o MPB-4. No ano seguinte Cybele voltou ao grupo em lugar de Dorinha, e essa formação permanece há 18 anos, sempre sob a direção musical de Célia Vaz.
Na década de 1980 gravaram os discos Quarteto em Cy interpreta Caetano, Milton, Gonzaguinha e Ivan (1981, Philips); Pontos de luz (1983, Som Livre); A arte do Quarteto em Cy (1984, Philips); e Para fazer feliz a quem se ama (1989, CBS).
Em 1989 o quarteto apresentou-se em Tóquio, participando de um festival de bossa nova, de shows na boate Kay e de um especial para a TV japonesa, juntamente com Carlos Lyra e Leila Pinheiro. Em 1992 viajou pela Espanha, com Carlos Lyra, Gilson Peranzetta e Maria Creuza, participando das comemorações dos 500 anos do descobrimento da América a convite do governo espanhol.
O quarteto voltou a se apresentar no Japão em 1997. No mesmo ano, recebeu o Prêmio Sharp de Música como o melhor grupo vocal do ano e lançou pela Polygram o CD Bate boca, em que interpreta músicas de Chico Buarque e Tom Jobim ao lado do MPB-4. Na década de 1990 foram lançados os discos Chico em Cy (1991, CID); Vinícius em Cy (1993, CID); Trinta anos (1994, Polygram) e Brasil em Cy (1996, CID).
Fonte: Adaptado da Enciclopédia da música brasileira: erudita, folclórica e popular. São Paulo, Art Editora, 2000.

Quatro Ases e um Coringa

Quatro Ases e um Coringa - Grupo carioca formado no Rio de Janeiro na década de 40 por três irmãos (Evenor, José e Permínio Pontes de Medeiros) e um amigo André Batista Vieira). Inicialmente um quarteto, adotaram o nome Quatro Ases e Um Coringa com a entrada do último elemento, Pijuca.
Trabalharam nas maiores emissoras de rádio da época (Mayrink Veiga, Nacional, Tupi) ao lado de figuras como Fernando Lobo e César Ladeira. Tornaram-se, ao lado dos Anjos do Inferno, um dos conjuntos vocais mais populares da década de 40.
Gravaram o primeiro disco em 1941, e depois disso realizaram diversas gravações, principalmente de marchas de carnaval. Foram do elenco do Cassino Copacabana. Por volta de 1952 alguns integrantes da formação original saíram, e foram substituídos por outros cantores (Jorge, Nilo Falcão e Miltinho) até a dissolução final, em 1957.
Os maiores sucessos do grupo foram na década de 40: Viva quem tem bigode (David Nasser e Rubens Soares), No Ceará é assim (Carlos Barroso), Trem de ferro (Lauro Maia), Baião (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira), Onde estão os tamborins (Pedro Caetano), Cabelos brancos (Herivelto Martins e Marino Pinto), Baião de Dois (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira).

Laurindo de Almeida

Laurindo de Almeida, instrumentista e compositor, nasceu em Miracatu, SP, em 2/9/1917 e faleceu em Los Angeles, EUA, em 26/7/1995. Filho de um ferroviário seresteiro de Miracatu, ainda garoto começou a tocar violão, tendo aprendido rudimentos de música com a mãe.
Em 1936 mudou-se para o Rio de Janeiro e passou a se apresentar nos cassinos da Urca, Atlântico e Icaraí (em Niterói), e na Rádio Mayrink Veiga, inclusive em dupla com Garoto. Em 1940 participou, ao lado de Donga, Pixinguinha, Cartola e outros, de gravações de música popular brasileira realizadas para o maestro Leopoldo Stokowski (1882—1976), que visitava o Brasil.
Com o fechamento dos cassinos, foi para os EUA, estabelecendo-se em Hollywood, onde recebeu oferta para tocar no filme A Song is Born, em 1947. Em seguida foi contratado como violonista para a orquestra de Stan Kenton, na qual começou a se tornar conhecido, obtendo grande sucesso, chegando a ser considerado um dos melhores do jazz em seu instrumento. Com a orquestra, gravou sua primeira música como solista, Lament, na etiqueta Capitol. Mais tarde formou seu próprio trio, apresentando-se na área de Hollywood.
Em 1949 gravou seu primeiro disco individual Concert Creation for Guitar. Lançou, em seguida a série de três LPs Brazilliance na etiqueta World Pacific, e em 1951 gravou o LP Suenos (Dreams), com a canção Sonho. Em 1953 lançou, com o saxofonista Bud Shank, nova série de discos, reeditada em 1962.
Ainda pela Capitol, gravou em 1956 o LP Guitar Music of Latin America, com Caixinha de música e, em 1957, Impressões do Brasil, com Pôr-do-sol em Copacabana e Serenata, composições suas. Como músico de jazz viajou pela Europa, Oceania, Oriente Médio e Japão.
Em 1962, com a popularidade da bossa nova nos EUA, sua carreira recebeu novo impulso, embora não tenha feito parte dos iniciadores do movimento. Em 1963 e 1964 gravou, e excursionou à Europa, com o Modern Jazz Quartet, e em seguida foi arranjador e regente de vários artistas norte-americanos.
Em 1964 recebeu o prêmio Grammy pelo disco Guitar from Ipanema. Em 1967 esteve no Brasil, apresentando-se na Sala Cecilia Meireles, no Rio de laneiro, e como convidado especial do II FIC, da TV Globo, do Rio de Janeiro. Fez trilhas sonoras para diversas séries de filmes norte-americanos de televisão, entre as quais O Fugitivo. Como compositor teve músicas gravadas por Carmen Miranda, Araci de Almeida, Orlando Silva e outros.
Em 1979 foi lançado nos EUA o disco First Concerto for Guitar Orchestra, no qual, acompanhado pela Orquestra de Câmera de Los Angeles, interpreta um concerto de sua autoria e o Concerto n.4 para violão e orquestra, de Radamés Gnattali. CDs: Music of the Brazilian Masters, 1989, Concord Jazz 4389; Brazilllance, vols. 1 e 2, s.d., World Pacific 96339; First Concerto for Guitar Orchestra, s.d., Concord Jazz 42001.
Fonte: Adaptado da Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora.

Ascendino Lisboa

Ascendino Lisboa, cantor e compositor, nasceu em Rio Tinto/PB e faleceu em 23/6/1975. Atuou entre fins da década de 1920 e fins da década de 1930. Gravou seu primeiro disco pela Victor em 1929 com acompanhamento da orquestra Victor cantando os sambas Dou tudo, de André Filho e Tapeação, de João Martins.
No mesmo ano, gravou na Parlophon com acompanhamento da Simão Nacional Orquestra os sambas Antes só, de Nílton Bastos e Sabes por que, de Aprígio de Carvalho.Em 1933, gravou pela Victor os sambas Canta bem-te-vi, de Guilherme Pereira e Agora é tarde, de André Filho, com acompanhamento do grupo Diabos do Céu. Em seguida, gravou em dueto com Raul Torres as modas-de-viola Boi amarelinho, de Raul Torres, e Pro mode namoração, de sua autoria.
Nesse ano, ingressou na Columbia e gravou os sambas Falta de consciência, de Ary Barroso e Zombando da vida, de Ary Barroso e M. L. de Azevedo com acompanhamento de I . Kolman e sua orquestra do Lido do Rio de Janeiro. No ano seguinte gravou a canção Quando a noite vem, de sua autoria.
Em 1935, formou uma orquestra da qual fez parte o regente e instrumentista Aristides Zacarias e viajou ao Rio Grande do Sul para inaugurar o Cassino Farroupilha, de Porto Alegre, apresentando-se nas comemorações do Centenário Farroupilha e na Rádio Farroupilha.
Foi contratado pela Odeon em 1936 e gravou com acompanhamento de Antenógenes Silva ao acordeom as marchas Minha linda Guanabara e Boneca não tem coração, de Antenógenes Silva e Ernâni Campos. No ano seguinte, lançou de Bonfiglio de Oliveira e Valfrido Silva a marcha Margarida e o maxixe O teu sapateado com acompanhamento da Orquestra Odeon. Gravou oito discos pelas gravadoras Odeon, Columbia, Parlophon e Victor.
Em 1997, sua interpretação do maxixe O teu sapateado, de Bonfiglio de Oliveira e Valfrido Silva foi relançada pelo selo Revivendo no CD Bomfiglio de Oliveira - Compositor e Trompetista de Ouro. Outra gravação sua relançada pelo mesmo selo foi a da canção Quando a noite vem, de sua autoria.
Em 2003, sua interpretação do samba Zombando da vida, de Ary Barroso e M.L. Azevedo foi relançada no primeiro volume da série de seis CDs lançados pelo selo Revivendo em homenagem ao centeário de nascimento do compositor mineiro.
Em 2004, teve sua interpretação da moda-de-viola Boi amarelinho, de Raul Torres gravada em dueto com o autor relançada pelo selo Revivendo no CD Raul Torres e seus parceiros. Nesse ano, o governador da Paraíba asssinou o termo de lançamento do início das obras para a construção de uma praça com seu nome no município de Rio Tinto, onde nasceu.

Paulo Borges


Paulo Borges (Paulo Alves Borges), compositor, nasceu no Rio de Janeiro/RJ em 28/9/1916. Compôs uma série de musicas para o conjunto Anjos do Inferno, fundado por seu irmão e parceiro Oto Borges, a primeira delas em 1935, Estrela da manhã.
Em janeiro de 1939 atuou brevemente no conjunto como cantor. Sua primeira composição gravada foi Farrapo, pelo cantor Jorge Fernandes, na Odeon em 1953, e seu maior sucesso, Cabecinha no ombro, na voz de Alcides Gerardi, etiqueta CBS.
Obras : Cabecinha no ombro, rasqueado, 1961; Cartão postal, samba-canção, 1961; Mãezinha querida, valsa, 1961.

Guinga

Guinga

Guinga (Carlos Althier de Sousa Lemos Escobar), violonista, compositor e cantor, nasceu no Rio de Janeiro RJ em 10/6/1950. Dentista de profissão, iniciou a carreira no II FIC, em 1967. Foi lançado como compositor pelo conjunto MPB-4, em 1973, com duas gravações: Conversa com o coração e Maldição de Ravel, ambas em parceria com Paulo César Pinheiro.

Como violonista, participou de numerosas gravações nas décadas de 1970 e 1980, tendo acompanhado Cartola na primeira gravação de As rosas não falam. Em 1989 estreou seu primeiro show ao lado de Paulo César Pinheiro e Ithamara Koorax, no bar Vou Vivendo, em São Paulo SP.

Em 1991 gravou seu primeiro disco, Simples e absurdo (Velas), com participações de Chico Buarque, Leny Andrade e Leila Pinheiro, entre outros. Seu segundo disco, Delírio carioca (1993, Velas), contou com interpretações de Djavan, Fátima Guedes e Leila Pinheiro, além do próprio compositor.

Suas músicas têm sido gravadas por grandes nomes: Bolero de Satã (com Paulo César Pinheiro), por Elis Regina e Cauby Peixoto; Catavento e girassol (com Aldir Blanc), por Leila Pinheiro; Esconjuros (com Aldir Blanc), por Sérgio Mendes; e cinco instrumentais pelo violonista Turíbio Santos no disco Fantasias brasileiras.

Em 1996 lançou o CD Cheio de dedos, que recebeu três prêmios Sharp. Nesse trabalho, principalmente instrumental, destacam-se os choros Cheio de dedos, Picotado e Nó na garganta, o baião Dá o pé, louro, a salsa Me gusta a lagosta, além de três faixas cantadas: Blanchiana, com vocalise do próprio compositor, Impressionados (com Aldir Blanc), interpretada por Chico Buarque, e Ária de opereta (com Aldir Blanc), por Ed Mota.

CDs: Simples e absurdo, 1991, Velas 1 1-VOOl; Cheio de dedos, 1996, Velas 11-V199.

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora.

Geraldo Vespar

Geraldo Vespar

Geraldo Vespar (Manuel Geraldo Vespar), instrumentista, arranjador e compositor, nasceu em Quixadá CE em 9/11/1937. Estudou teoria e solfejo com Geraldo Amaral (em Goiás), composição e orquestração com Paulo Silva, harmonia e contraponto com Moacir Santos, composição e regência na E.M.U.F.R.J. e fez o curso de harmonia e instrumentação da Berklee School of Music, de Boston, E.U.A.

Começou a carreira em 1952, acompanhando calouros da Rádio Anhangüera, de Goiânia GO, e em 1958 transferiu-se para o Rio de Janeiro, atuando, de 1959 a 1963, como guitarrista em boate; e em 1963 e 1964, com Astor e sua orquestra e com Moacir Silva e seu conjunto.

Realizou sua primeira gravação com Radamés Gnattali, num disco de historietas infantis da Continental; com o pseudônimo de Delano, participou de um disco de guitarra e orquestra (Copacabana) e, com Gerald, da gravação do LP I Love Paris (Continental).

Em 1964, já com o nome de Geraldo Vespar, gravou Take Five, e, em 1965, com a gravação de Samba nova geração, recebeu o prêmio-revelação O Guarani. Em 1966, além de gravar Só vou nas quentes, atuou no conjunto de Peter Thomas e, em 1967, com Chiquinho do Acordeom. Neste ano, fez com Sílvio César a trilha sonora do filme Mineirinho vivo ou morto, dirigido por Aurélio Teixeira.

De 1964 a 1967 integrou também a orquestra da TV Excelsior, regida pelo maestro Zacarias; em 1968 foi para a TV Tupi, como solista e arranjador da orquestra do maestro Cipó, onde ficou até 1973 e com o qual trabalhou ainda como solista num sexteto dejazz. Durante o período em que participou da orquestra de Paul Mauriat (1973 a 1975) como solista e arranjador, gravou o LP Brasil romântico (1974), lançado inicialmente no Japão.

Excursionou com Elza Soares pelo México e E.U.A., e com a Grand Orchestre, de Paul Mauriat, pela França, Países Baixos, Coréia, Grã-Bretanha e Japão. Na década de 1980 continuou tocando com a orquestra de Paul Mauriat.

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora.

Airto Moreira

airto moreira
Airto Moreira (Aírton Guimorvan Moreira), instrumentista e compositor, nasceu em Itaiópolis SC em 5/8/1941. Com seis anos de idade entrou para a Rádio Ponta-Grossense, de Ponta Grossa PR, como cantor, estudando em seguida piano, violino e bandolim como bolsista da academia de música da cidade.

Em 1954 tornou-se profissional, contratado pelo conjunto Jazz Estrela, seguindo dois anos depois para Curitiba PR, onde trabalhou como crooner de boate. Em 1958 trabalhou nas boates das docas de Santos SP, mudando-se depois para São Paulo SP, onde foi contratado como percussionista de Guimarães e seu Conjunto, ao mesmo tempo atuando como cantor e baterista numa boate.

Em 1962 integrou como baterista, o então organizado conjunto Sambalanço Trio, ao lado de César Camargo Mariano (pianista) e Humberto Claiber (baixista). Com esse trio estreou no Juão Sebastião Bar, gravou três discos e realizou shows com Lennie Dale, no Teatro Arena, de São Paulo, em 1963, e depois na boate ZumZum, no Rio de Janeiro RJ. Com Aluísio ao piano, integrou o Sambossa Trio, gravando um disco com o conjunto.

Em 1966, com Tuca, defendeu Porta-estandarte (Geraldo Vandré e Fernando Lona), no FNMP, da TV Excelsior, de São Paulo. Como percussionista, tomou parte ainda no Quarteto Novo, com Heraldo (viola e guitarra), Teo de Barros (contrabaixo e violão) e Hermeto Pascoal (flauta).

Em 1967 gravou um LP na Odeon e fez com Edu Lobo o arranjo para a música Ponteio, para o III FMPB, da TV Record, de São Paulo, atuando mais algum tempo nessa emissora, até sua viagem aos Estados Unidos. Sem trabalho, o começo de sua carreira nesse país foi difícil, até que foi convidado a gravar com Miles Davis e passou a integrar o seu conjunto.

Em 1970 já havia gravado o disco Natural Feelings, pela Buddah Records, e no ano seguinte gravava, com Miles Davis, Miles Davis at Fillmore. Saindo do conjunto de Miles Davis, ficou dois anos com Chick Corea no conjunto Return to Forever e formou em seguida seu próprio conjunto, Fingers.

Seu estilo único influenciou os caminhos do jazz moderno, levando a revista norte-americana Downbeat a incluir a categoria Melhor Percussionista do Ano em suas enquetes aos leitores e crítica especializada, vencida por ele mais de 20 vezes desde 1973.

Em 1973 gravou dois LPs Free e Fingers, e, dissolvendo no ano seguinte o conjunto, apresentou-se sozinho, tocando vários instrumentos de percussão. Em maio de 1975 formou novo conjunto com Egberto Gismonti, Raulzinho (Raul de Sousa), no trombone, Ted Lô, no órgão, sintetizador e violino elétrico, Robertinho (Roberto Silva), na bateria e percussão, John Williams, no contrabaixo elétrico e acústico, e Davi Amaro, na guitarra, violão acústico e viola de 12 cordas, assinando contrato com a Arista Records.

Casado com a cantora Flora Purim (Rio de Janeiro RJ 6/3/1942—), desde a década de 1970 tornou-se um dos percussionistas mais requisitados nos EUA. Trabalhou com Quincy Jones, Herbie Hancock e Paul Simon; participou de trilhas sonoras de filmes (O exorcista, O último tango, Apocalypse Now), viajou pela Europa, América Latina, Japão e EUA, dando cursos e palestras em universidades e escolas de música, além de seus shows.

Na década de 1990 tem-se apresentado sozinho, com Flora Purim e com novo conjunto, o Fourth World, integrado por Flora, José Neto, Gary Brown e Jovino Santos, com o qual gravou dois álbuns: Fourth World e Encounters of the Fourth World.

Desde 1994 este conjunto excursiona pelo mundo, apresentando com sucesso uma mistura de bossa nova, samba e jazz, classificada por Airto como world music. Seu interesse por world music e por dance music surgiu em meados dos anos de 1990, abrindo novo mercado para suas produções a partir do remix (arranjos com ritmo tecno para dance music) de suas composições ou de música regional do Brasil (trabalhos com a Banda de Pífanos de Caruaru, Mestre Salustiano e seu Grupo, Maracatu Nação Erê, os três de Recife PE) ou de outros países como Marrocos, Quênia e África do Sul, dos quais já fez a produção de grupos musicais para a gravadora inglesa Melt 2.000.

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora.

Helena de Carvalho

Helena de Carvalho (Helena Pinto de Carvalho) nasceu em São Paulo/SP em 1909 e faleceu na mesma cidade em 5/12/1937. Foi funcionária pública, tendo trabalhado na Secretaria das Municipalidades de São Paulo.

Começou a carreira em 1929 cantando no rádio. Em 1930, gravou seu primeiro disco, pela Victor, cantando o samba-canção Teus olhos me contam tudo (G. Viotti, XYZ e J. Canuto) e o samba Morena cor de canela (Ari Kerner V. de Castro).

No mesmo ano, gravou de Chiquinha Gonzaga e Viriato Corrêa o samba-canção Fogo foguinho, e as canções Sou morena e Chinelinha do meu amor, músicas lançadas em CD pela gravadora Revivendo no álbum duplo Chiquinha Gonzaga - A Maestrina.

Em 1931 participous do filme Coisas nossas, o primeiro filme sonoro produzido no Brasil, atuando ao lado de Stefana de Macedo, Zezé Lara, Batista Jr, Procópio Ferreira e outros nomes da época.

Entre outras rádios, atuou na Rádio Cultura de São Paulo, cantando três vezes por semana. Gravou um total de seis discos com 12 músicas pela Victor e Columbia. Faleceu precocemente, aos 28 anos de idade, de um ataque cardíaco em sua casa em São Paulo.

Fonte: Cantoras do Brasil - Helena de Carvalho

Elsie Houston

Elsie Houston (Elsie Houston-Péret), soprano, nasceu no Rio de Janeiro RJ em 22/4/1902 e faleceu em Nova York, EUA, em 20/2/1943. Estudou no Rio de Janeiro com Stella Parodi e na Alemanha, em 1923, com Lilli Lehmann (1848—1929).

Em 1922 conheceu Luciano Gallet, daí surgindo seu interesse pelas canções folclóricas harmonizadas. Desse autor criou, em primeiras audições, Ai, que coração (1924), A perdiz piou no campo (1924), Fotorototó (1924), Bambalelê (1925), Taleiras (1925) e Arrazoar (1925).

Em 1924 estreou em Paris, França, como camerista. Foi aluna de Ninon Vallin (1886—1961) em 1925, em Buenos Aires, Argentina, e em 1927, em Paris. Nesse mesmo ano conheceu Mário de Andrade e recolheu temas do folclore nordestino.

Ainda em 1927 participou, com Tomás Terán, Artur Rubinstein (1886—1982) e Alma van Barentzen, do primeiro concerto de Heitor Villa-Lobos na Maison Gaveaux, em Paris, França.

Realizou excursões artísticas pela Europa e Américas. Escreveu o ensaio “La musique, la danse et les cérémonies populaires du Brésil” in Art populaire, travaux artistiques et scientifiques do 1 Congresso Internacional das Artes Populares (Praga, 1928), Paris, 1931, tomo II, e Chants populaires du Brésíl, 1 série, com prefácio de Philippe Stern, Paris, 1930.

No Brasil, gravou 25 músicas na Columbia, em 1930, entre elas O barão da Bahia, Cadê minha pomba rola e Tristeza; em 1932 gravou outras duas músicas na Victor.

Gravou três discos pela RCA Victor em 1941. Foi casada com o poeta francês Benjamin Péret.

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora

Neide Martins

Neide Martins, cantora. Há poucas informações sobre ela. A Enciclopédia da Música Brasileira nada fala. Iniciou sua carreira em 1937, gravando pela Odeon a marcha Pára com isso e o samba Vem cá, Bitu, ambos de Saint Clair Sena, com acompanhamento da orquestra Odeon.
No mesmo ano, dividiu dois discos com o grupo Diabos do Céu. No primeiro gravou o frevo-canção Que fim você levou?, de Nelson Ferreira e no segundo o frevo-canção Arlequim, também de Nelson Ferreira, com acompanhamento dos Diabos do Céu.
Em 1938, gravou a marcha Nossa terra!, de Saint Clair Sena e o samba Não sorri assim pra mim, do mesmo autor e de Antônio Almeida.
Em 1939, gravou as marchas Uma estrela brilhou, de Donga e Sá Róris e Eterno sonho, de Donga e Milton Amaral. No mesmo ano, gravou pela Colúmbia, em dueto com Arnaldo Amaral o fox Era uma vez..., de João de Barro e Alberto Ribeiro.
Fontes: Collector's Notícias e Cantoras do Brasil - Neide Martins.

Júlia Martins

Júlia Martins (circa 1890, Rio de Janeiro, RJ - circa 1936, Rio de Janeiro, RJ), cantora e atriz do teatro de revista, foi uma das pioneiras nas gravações de discos no Brasil. Foi foi contratada pela Victor Record em 1912, estreando em discos cantando em duetos com o intérprete João Barros.

Em 1913, foi contratada pela Odeon. Em janeiro desse ano gravou em dueto com Eduardo das Neves A cocote e o marchante, do próprio Eduardo das Neves. Em seguida, gravou a canção Caraboo, composição do norte americano Sam Marshal e que fez enorme sucesso na versão de M. Albuquerque no carnaval do ano anterior. No mesmo ano, gravou o lundu A flor da pitangueira, música que cantava na revista República do amor, um destaque de seu repertório teatral.

Também em 1913, gravou com o cantor Bahiano, os duetos A vassourinha (Felipe Duarte e Luiz Filgueira), e O engraxate (B. Esfolado), O retrato e a flor, e A cigana e o feiticeiro, de autores desconhecidos, e de autoria do próprio Bahiano as faixas Cidade Nova e Saco do Alferes, Ai que gostos, e O vagabundo e a mulata. Também gravou A viola está magoada, que contou com acompanhamento do Grupo da Casa Edison e que aparece no selo com a denominação de "samba", quatro anos antes da gravação de Pelo telefone, que ficou consagrada como o primeiro samba gravado, talvez pelo sucesso maior.

Ainda desse ano, é sua gravação da cançoneta A mulatinha, de Chiquinha Gonzaga e Patrocínio Filho, e com Eduardo das Neves, o batuque sertanejo Caboca di Caxangá, de Catulo da Paixão Cearense, que caracterizou pela primeira vez uma composição designada como de cunho regional. Ainda em 1913, atuou na revista Chegou o Neves, juntamente com Ciniro Polônio, Brandão Velho, e Mercedes Vila. Foi nessa revista, que Pixinguinha, então com apenas 16 anos estreou nos palcos.

Por volta de 1914, gravou em dueto com o tenor Tomaz de Souza A vassourinha, de Felipe Duarte e Luiz Filgueira. Gravou um total de vinte discos.

Fonte: Cantoras do Brasil - Júlia Martins

Virgínia Lane

Virgínia Lane (Virgínia Giacone), cantora e vedete, nasceu em 28/2/1920 no Rio de Janeiro, RJ. Foi interna do Colégio Regina Coeli, dos seis aos 14 anos. Estudou, em seguida, no Instituto Lafayette (famoso colégio situado no bairro carioca de Botafogo), chegando depois a cursar o primeiro ano de Direito. Estudou um período com Maria Olenewa na Escola de Bailados do Teatro Municipal do Rio de Janeiro.

Em 1943, iniciou sua carreira, trabalhando como corista do Cassino da Urca. Por intermédio do maestro Vicente Paiva, tornou-se "crooner" de sua orquestra e, além de atuar no Cassino, passou a se apresentar na Rádio Mayrink Veiga.

Em 1945, depois de apresentações na Rádio Splendid e na boate Tabaris, de Buenos Aires, fixou residência na capital argentina por três anos. Em 1946 lançou pela Continental, seu primeiro disco interpretando a marcha Maria Rosa, de Oscar Bellandi e Dias da Cruz e o samba Amei demais, de Ciro de Souza e J. M. da Silva.

Quando voltou ao Brasil, em 1948, atuou como vedete na revista Um milhão de mulheres, de Chianca de Garcia, encenada no Teatro Carlos Gomes, no Rio de Janeiro. A revista rendeu-lhe muito sucesso, o que lhe possibilitou um contrato com a companhia de Walter Pinto, no qual trabalhou por quatro anos em espetáculos no Teatro Recreio.

Em 1951, lançou seu grande sucesso, a marchinha Sassaricando, de Luís Antônio, Zé Mário, pseudônimo de Jota Júnior e Oldemar Magalhães, cantada por ela na revista Eu quero sassaricá, de Luís Iglesias e Freire Júnior, e gravada pela Todamérica em novembro de 1951. A música foi feita de encomenda para a revista Jabaculê de penacho, produzida por Walter Pinto que, adorando o tema, resolveu trocar o nome da revista. O sucesso foi tanto, que a música acabou criando a expressão maliciosa "sassaricar".

A partir de 1952, trabalhou no Teatro Carlos Gomes. No mesmo ano, gravou as marchas Santo Antônio casamenteiro, de Antônio Almeida e Alberto Ribeiro e Balão, de Luiz Antônio. Foi eleita Rainha das Atrizes, pela Casa dos Artistas. Destacou-se em programas da TV Tupi (Espetáculos Tonelux) na década de 1950.

Em 1953, fez sucesso com a marcha Zé Corneteiro, de Lalá Araújo. Em 1954, gravou com sucesso a Marcha do fiu-fiu, que ela assinou com Nelson Castro e Marcha da pipoca, de Luiz Bandeira e Arsênio de Carvalho, de sentido malicioso ou de duplo sentido.

Em 1955 lançou o maxixe No balaio de sinhá, de Arsênio de Carvalho; o samba Portão da casa do Juca, de Rubens Silva e Loé Moulin e Chorinho gostoso, de sua autoria. Em 1956, gravou os cha-cha-chas Aprenda o cha-cha-cha, de C. Garcia e Hello e Um beijinho por telefone, de M. Perdomo, ambos com versão de Alberto Ribeiro.

Em 1957, gravou as marchas É baba de quiabo, de sua parceria com Arsênio de Carvalho e Madame sapeca, de José Roberto e José Batista. Em 1958, gravou Lanterninhas multicores, marcha de sua autoria; Santo Antônio vai me abençoar, baião de Nelson Castro e José Batista e Que palhaço, marcha de sua parceria com William Duba.

Gravou 24 discos em 78 rpm, um pela Continental e os outros pela Todamérica, principalmente com marchinhas de temas maliciosos ou humorísticos, apesar de ter gravado sambas também.
Em 1960, gravou dois discos pela etiqueta Carroussel, incluindo as marchas Meu América, campeão carioca de futebol daquele ano, de Nelson Castro e Marcha da vitória, de Hélio Nascimento, Mirabeau e J. Gonçalves.

No início do ano 2000, continuava a se apresentar em bailes populares de carnaval, na Cinelândia no Rio de Janeiro, com grande agrado do público. Foi uma das artistas de maior prestígio no governo de Getúlio Vargas que, além de ser seu fã, conta-se, chegou a ter um romance com ela.

Fonte: Cantoras do Brasil - Virgínia Lane