terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Jamelão

Jamelão
José Bispo Clementino dos Santos, o Jamelão, nasceu na Rua Fonseca Teles, no bairro carioca de São Cristóvão, no dia 12 de maio de 1913. Conhecido por sua bela voz e sua enorme versatilidade, nosso "Gogó de Ouro" atravessa a passarela da música popular brasileira de um extremo ao outro; como cantor de samba e também como intérprete de belas canções de dor-de-cotovelo, principalmente Lupicínio Rodrigues.
Puxador de samba, jamais! Ele sempre diz: “Puxador é ladrão de carro. Eu não puxo samba coisa nenhuma, eu interpreto”. E como interpreta! Em sua longa estrada no carnaval verde e rosa da Mangueira, quando sua voz poderosa ecoa na avenida dizendo os primeiros versos de um samba enredo, é puro júbilo popular. Até quem não é mangueirense se emociona com sua voz e vitalidade. Para chegar até aí, percorreu um longo e tortuoso caminho.
Tudo começou quando, aos dez anos, cismou em aprender a tocar bandolim e cavaquinho, presente do pai, um pintor de paredes. José Bispo tinha quatro irmãos e aos quinze anos, quando o pai foi embora com outra mulher, precisou ir trabalhar na fábrica de tecidos Confiança, em Vila Isabel, para ajudar a mãe nas despesas de casa. Trabalhou também como jornaleiro e costuma dizer que sua voz foi treinada nos pregões que gritava para vender jornal.
Ao mesmo tempo, sem nenhuma pretensão, freqüentava as gafieiras da cidade e se tornou íntimos dos músicos e, um dia, foi convidado para cantar na Gafieira Jardim do Meyer. O sucesso foi tanto que logo surgiram outros convites e ele passou a ser "crooner" de diversos "dancings" da cidade.
Foi no Jardim do Méier que ganhou o apelido de Jamelão. Seu Euclides, o gerente, na hora de anunciá-lo não sabia bem o seu nome e, numa alusão à sua cor, idêntica a da fruta, chamou-o pelo nome de Jamelão e o apelido ficou para sempre.
No final da década de 40 ele resolveu tentar o rádio. Primeiro passou pela Rádio Clube do Brasil, depois Rádio Guanabara e, por fim, a Rádio Tupi. No período de 1957 a 1965 Jamelão participou do "cast" da Rádio Nacional. Fez também filmes com Oscarito e Grande Otelo nos tempos da Atlântida.
Na década de 50 gravou seu primeiro LP, com o samba Maior é Deus, de Felisberto Martins. Foi neste tempo também que o samba-enredo ganhou dimensão e, desde essa época, passou a "interpretar" os sambas da Estação Primeira de Mangueira sendo sempre campeão em suas interpretações na avenida.
Na década de 60 aproximou-se de Lupicínio Rodrigues, tendo gravado, de início, duas de suas músicas num LP: Ela disse-me assim e Exemplo. Depois, gravou outras tantas e, até hoje, é considerado seu melhor intérprete. Além de outras interpretações de dores-de-cotovelo como Castigo, de Dolores Duran; Matriz ou filial de Lúcio Cardim e Um dia hás de pagar, dele próprio.
Passado o tempo, e com um público fiel à sua bela voz, em 1977, num show do Seis e Meia, no Teatro João Caetano foi recorde de público na época (duas mil pessoas por dia). Em 1987 conseguiu realizar um grande sonho: gravar um disco só com músicas de Lupicínio Rodrigues, considerado pela crítica um dos melhores discos daquele ano. Casado há mais de 50 anos com D. Delice, tem uma única filha.

Nenhum comentário: