terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Hermínio Bello de Carvalho

Hermínio Bello de Carvalho nasceu na cidade do Rio de Janeiro, em 1935. Neto de violeiro e filho de ator, morava no bairro da Glória quando começou a freqüentar reuniões na casa do músico Burle Marx, onde conheceu Claudete Soares e Helena de Lima.
Adolescente, gostava muito de música clássica, tendo sido presidente do Centro Cívico Carlos Gomes, de sua escola. Aos 14 anos, cantava em coro de igreja e, em 1958, começou sua carreira na Rádio MEC, do Rio de Janeiro, tendo escrito, entre outros, os programas Violão de Ontem e de Hoje, Reminiscências do Rio de Janeiro, Retratos Musicais e Concertos para a Juventude.
Agitador cultural, poeta, produtor musical, compositor e descobridor de talentos, desde cedo Hermínio conviveu de perto com a música e com os músicos brasileiros. Em 1962, publicou seu primeiro livro de uma série de cerca de 20 que viriam depois, entre eles poesias e crônicas dos personagens da MPB.
Em 1964, com a inauguração do bar Zicartola, no Rio de Janeiro, aproximou-se de Cartola e de alguns de seus futuros parceiros como Paulinho da Viola, Elton Medeiros e Mauricio Tapajós, com quem fez sua primeira música, Mudando de conversa.
No ano seguinte, dirigiu um musical que marcou época, Rosa de ouro, apresentado no Teatro Jovem, no Rio de Janeiro, que contou com a participação de Clementina de Jesus e Araci Cortes, acompanhadas pelo conjunto Rosa de Ouro, liderado por Paulinho da Viola e Elton Medeiros, que se consagrariam a partir desse show. O musical foi transformado em disco gravado ao vivo – Rosa de Ouro, volume I –, considerado por unanimidade o melhor do ano.
Ainda em 1965 promoveu, com Edu Lobo, no Teatro Jovem, a Feira de Música Popular, reunindo nomes como Nara Leão, Caetano Veloso, Paulinho da Viola e Torquato Neto, realizou palestras sobre Villa-Lobos, em Lisboa, Portugal, Madrid, Espanha, e Paris, França, e compôs com Zé Keti o samba Cicatriz. Produziu mais de cem discos, como os de Radamés Gnattali, Dalva de Oliveira, Pixinguinha e Eliseth Cardoso. Foi o primeiro a fazer discos de Cartola, Nelson Cavaquinho e Carlos Cachaça.
Na primeira metade da década de 1960, dedicou-se a poesia, lançando vários livros: Chove azul em teus cabelos, Rio de Janeiro, 1961; Ária e percussão, Rio de Janeiro, 1962; Novíssima poesia brasileira, Rio de Janeiro, 1963; e Poemas do amor maldito, Rio de Janeiro, 1964.
A partir de 1964, iniciou movimento de integração da música popular e erudita, produzindo concertos mistos, num dos quais apresentou pela primeira vez em público Clementina de Jesus, acompanhada pelo violonista clássico Turíbio Santos.
Deixou a Funarte em 1989 após 13 anos no cargo de diretor adjunto da Divisão de Música Popular Brasileira. Neste período, esteve à frente dos seguintes projetos: Almirante, de recuperação de arquivos e gravação de discos pouco comerciais; Lúcio Rangel, de biografias de MPB; e, o mais conhecido, o Pixinguinha, de shows, uma reedição nacional do Projeto Seis e Meia, que reuniu duplas inesquecíveis para cantar pelo país. Foi membro fundador do Conselho de Música Popular do Museu da Imagem e do Som (MIS).
Em 1978 recebeu o Troféu Estácio de Sá, do MIS, por ter sido a personalidade que mais prestou serviços à musica naquele ano. Apresentou na TVE o musical "Água Viva", de 1976 a 1977 e de 1981 a 1983. Na comemoração dos seus 60 anos, em 1995, foi homenageado com shows e a exposição Isso é que é viverHomenagem aos 60 anos de Hermínio Bello de Carvalho, do Museu da Imagem e do Som, no Rio de Janeiro, quando autografou seu livro Umas e Outros.
Ainda em 1995 foram lançados o livro Sessão Passatempo pela Relume-Dumara, RJ, em que conta histórias sobre personalidades da música popular e dois CDs Alaíde Costa canta Hermínio Bello de Carvalho, com canções remasterizados do LP de 1982 e composições novas como a inédita O sabiá e o vento (com Vicente Barreto), e a coletânea de sua obra na série Mestres da MPB, da Warner, em que participam intérpretes como Dalva de Oliveira, Maria Bethânia, Elizeth Cardoso e Gal Costa.
Em 1997 idealizou o Centro de Memória da Mangueira, para a Secretaria de Estado de Educação e Cultura do Rio de Janeiro.
Fonte: Educarede

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